[title]
Na estrada da Pena, na antiga propriedade da Quinta Velha, o conjunto Biester, que inclui chalet e parque, remonta às duas últimas décadas do século XIX. Agora, graças a um recente esforço de recuperação, o Palácio abre a visitas pela primeira vez. A partir de 30 de Abril, será possível descobrir a edificação que, de tão misteriosa e fascinante, até já foi cenário de cinema: Roman Polanski escolheu-a para ali filmar parte da sua longa-metragem de 1999, A Nona Porta, com Johnny Depp e Frank Langella.
“A integração do imóvel nos parques e monumentos sintrenses disponíveis para visita representa uma oportunidade única de conhecer um palácio do histórico século XIX, essencialmente intocável no que diz respeito à arquitectura, à decoração e às obras de arte seculares que nele habitam”, lê-se em comunicado, que refere também a vista privilegiada para o Castelo dos Mouros e a proximidade à Quinta da Regaleira.
Encomendadas em 1880, por Frederico Biester, a José Luiz Monteiro, as obras do Palácio terminariam dez anos depois. Além de um trabalho arquitectónico considerado ímpar, que associa uma exuberância detalhista à abordagem funcional de Luiz Monteiro, destaca-se a decoração “prenhe de entalhamentos minudenciosos e frescos vivíssimos”, que carrega as assinaturas eméritas de Leandro Braga, mestre entalhador português, e do eclético artista italiano Luigi Manini.
A par de permitir testemunhar o fulgor de uma época em que a sensibilidade artística era idealizada e executada ao detalhe, a circulação pelos diferentes espaços do Palácio dará a conhecer a vida doméstica da família que o habitou. “Para lá da extraordinária Galeria de Entrada, o notável trabalho de estuques na Sala da Música é apenas um prelúdio do surpreendente esforço decorativo que cada recanto do imóvel tem para descobrir”, refere-se na mesma nota, que destaca ainda a Sala de Estar e o Salão de Festas, por conta das boiseries e das pinturas naturalistas de Luigi Manini, bem como de duas grandes lareiras adornadas com azulejos de Raphael Bordallo Pinheiro.
O percurso pela Escadaria Principal, entre frescos e vitrais, encaminha os visitantes ao primeiro andar, onde a passagem para um alpendre em pedra esconde uma vista privilegiada para o Castelo dos Mouros, que também é visível a partir da capela neogótica do Palácio, ligada à herança deixada pela Ordem dos Templários de Sintra. Além dos vitrais com vista, destaca-se a pintura no tecto do mestre francês Paul Baudry. Já na biblioteca, as pinturas presentes, que acompanham o acervo literário da família Biester, abrangem temas místicos como o paganismo e as criaturas fantásticas.
Lá fora, no Parque Biester, também há muito para descobrir, a começar por uma grande variedade de espécies exóticas, como cameleiras originárias da China e do Japão, faias verdes e vermelhas da Europa Central, as acácias da Austrália e abetos norte-americanos. Com assinatura do paisagista François Nogré, o jardim é organizado numa lógica de declive: diferentes patamares oferecem diferentes vistas. Inserida numa reentrância rochosa, encontra-se ainda uma formação natural, a Gruta da Pena.