[title]
Nascido a 19 de Dezembro de 1924, Alexandre O’Neill foi poeta, escritor e publicitário, tendo contribuído para a fundação do Movimento Surrealista de Lisboa. Este ano, a propósito do seu centenário, o LU.CA dedica-lhe um ciclo de programação no mês de Novembro, que inclui um espectáculo, uma exposição, e uma oficina para nos fazer pensar sobre como a poesia está mais perto do que imaginamos. Dois meses antes, em Setembro, o teatro para a infância inaugura a rentrée com a AMPLA – Mostra de Cinema, um espectáculo de Joana Estrela e Nicolau e ainda Não É Ficção, uma nova rubrica que junta leitura e música.
“A programação foi desenhada tendo em consideração uma série de pontos importantes, nomeadamente a alternância de faixas etárias, a variação de formatos artísticos – porque queremos que tenham acesso ao teatro mas também à dança, à música, ao cinema, a exposições, a oficinas –, e o facto de estarmos a programar para os tempos e para as crianças de hoje”, diz-nos Susana Menezes, directora artística do LU.CA — Teatro Luís de Camões.
No arranque da nova temporada, nos dias 7 e 8 de Setembro, Bru Junça volta a contar-nos histórias, a partir do livro O Tigre na Rua (Sáb-Dom 11.30), e há ainda uma sessão de curtas-metragens no âmbito da AMPLA – Mostra de Cinema (Sáb-Dom 16.30). Segue-se a estreia de Dois Ratos, uma criação de Joana Estrela e Nicolau, que faz uma releitura da fábula de Esopo, O Rato do Campo e o Rato da Cidade, e que as famílias vão poder ver entre 14 e 22 de Setembro (Sáb 16.30, Dom 11.30/ 16.30).
“Este espectáculo da Joana Estrela e do Nicolau – que envolve desenhos, música e se calhar até minhocas – terá também associada uma exposição interactiva no entrepiso, que explora as diferenças entre o campo e a cidade e propõe aos visitantes desenhar em conjunto novos sítios para habitar”, revela Susana Menezes. Patente de 13 a 25 de Setembro, a exposição pode ser visitada gratuitamente de segunda a sexta-feira, das 10.00 às 13.00 e das 14.00 às 17.00, e ao fim-de-semana, das 10.30 às 13.00 e das 14.00 às 17.30.
Já a nova rubrica, Não É Ficção, para crianças a partir dos 8 anos, arranca nos dias 28 e 29 de Setembro. A ideia, explica-nos Susana Menezes, é dar palco a textos do nosso tempo sobre temas ou questões que importam abordar. À leitura juntam-se imagens e uma exploração sonora. As duas primeiras sessões são dedicadas ao livro Deputados do Futuro, Olá!, escrito por Isabel Minhós Martins e ilustrado por Carolina Celas. A interpretação será feita pelo actor Romeu Costa, que estará acompanhado pelo músico Noiserv.
No final de Novembro, o livro em destaque será A Constituição: Montanha e Utopia, de Gonçalo M. Tavares e Danuta Wojciechowska, contado por Carla Galvão e Bruno Pernadas. As conversas no final serão moderadas por Dora Batalim, docente e especialista em livros infantis e pedagogia das artes. “É uma forma de fazer com que as crianças tenham acesso a este conhecimento de uma forma mais descontraída e, se calhar, de uma forma que nós achamos que é muito apelativa.”
Antes ainda haverá tempo para revisitar um clássico. Em Outubro, estreia TPC: Frei Luís de Sousaaa, da dramaturga e encenadora Raquel Castro, para jovens a partir dos 14 anos. “É uma peça para cinco jovens que se encontram para fazer um trabalho de casa sobre Frei Luís de Sousa, e é esse TPC que os fará descobrir a obra e questioná-la aos olhos de hoje.” As sessões para famílias acontecem de 12 a 27 de Outubro (Sáb 16.30 e Dom 11.30/ 16.30).
Em Novembro, além da segunda sessão de Não É Ficção, destaca-se também o Baile Fantástico, no dia 1, às 15.00, com Inês Lopes Gonçalves ao comando da cabine de som. Mascarados ou não, a ordem é para abanar os esqueletos. Dias depois, a 4 de Novembro, inaugura-se finalmente o Ciclo O’Neill, com o lançamento de uma playlist online, com curadoria de Luís Leal Miranda, que co-assina com Ana Markl Um Poeta em Forma de Assim: visita guiada à cabeça de Alexandre O'Neill. Este espectáculo tem sessões para as famílias de 9 a 24 de Novembro (Sáb 16.30 e Dom 11.30/ 16.30). Com interpretação de Malu Vilas Boas, fala-nos da “doença das palavras” da qual O’Neill sofria e de outras manias do poeta.
“Haverá também uma exposição relacionada com a peça no entrepiso”, desvenda Susana, referindo-se à exposição “A Loja a Fingir do Museu Imaginário”, que reúne souvenirs, memorabilia ou recuerdos relacionados com a vida e obra do poeta. “E uma oficina.” A oficina Alphabeto O’Neill realiza-se a 9, 16 e 23 de Novembro, sempre às 10.30, e foi pensada para famílias com crianças dos quatro aos seis anos. Tendo como inspiração os Divertimentos com Sinais Ortográficos, de Alexandre O'Neill, o desafio é fazer desenhos com letras, brincando com o alfabeto mesmo sem saber ler.
“Escolhemos O’Neill porque nunca tínhamos feito um ciclo sobre um autor, mas também porque é um autor com o qual nos cruzamos muitas vezes sem nos apercebermos, sobretudo agora, que nos parece haver muitas crianças e jovens que já não sabem quem é, e ele tem coisas divertidíssimas, por exemplo campanhas, que também vamos mostrar.”
Por fim, em Dezembro, sobressai a estreia de VUUUUTE!, de Ana Lúcia Palminha e Gonçalo Botelho, em cena entre os dias 7 e 22 (Sáb-Dom 11.30/ 16.30). Para espectadores a partir dos cinco anos, usa poucas palavras e muito movimento e a linguagem do corpo para contar a história de duas crianças muito diferentes e de sítios muito distantes, que quando se encontram começam a olhar e a sentir de outra maneira o seu próprio mundo.
Há muito mais pelo meio, claro. Para não perder pitada, o melhor é consultar a programação completa, que ficará disponível no site do LU.CA – Teatro Luís de Camões. “Para o ano, posso já desvendar, teremos um ciclo dedicado à comida e à alimentação e vamos poder contar com a Joana Barrios.”