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O nome foi escolhido a dedo para não deixar margem para equívocos e, simultaneamente, ainda funcionar como quebra-gelo, até porque não demora muito até que "a madrasta" – termo pesado para uns, tirada genial para outros – surja em conversa. É figura familiar, isso com certeza – "e isso faz-nos sentido, porque somos uma família", explica Marta Talhão, directora de marketing e comunicação do Grupo Non Basta, que acaba de abrir em Paço de Arcos o sexto restaurante.
A família cresce a olhos vistos – com Pasta Non Basta, Memória, Província e Margarida a compor a prole. A mais recente abertura é também o maior dos restaurantes inaugurados até agora. Ainda sobre o nome, Frederico Seixas, um dos sócios, diz que a ideia é criar novas memórias em torno de uma figura tantas vezes caricaturada de forma pouco simpática. Ao mesmo tempo que quer "reverter o estereótipo criado por Walt Disney", o Madrasta atiça à conversa e divide opiniões. Depois do debate à mesa, em torno de um nome, afinal, cheio de personalidade, a carta foi feita para gerar consenso. É extensa e diversa o suficiente para que ninguém saia sem satisfazer, pelo menos, um capricho gastronómico.
"O espaço tem ambientes muito diferentes. E está num jardim, por isso tem de funcionar durante todo o dia. O que tentámos fazer foi conseguir uma oferta que abrangesse os diferentes momentos do dia, desde que abrimos até fecharmos, com uma carta que não é comum nos nossos outros restaurantes, mais extensa na parte dos petiscos, coisas para partilhar – o prego, o cachorro de lavagante –, mas também com o cunho do Grupo Non Basta, obviamente, onde estão as pizzas e as massas. A isso acrescentámos também a comida mais local, mediterrânica", detalha Frederico.
Uma mesa farta a desta madrasta, ansiosa por dar provas de ser boa anfitriã. A abrir as hostilidades, chega da cozinha um clássico de sempre, mas com um quê de provocação. Aos três de cada vez, os pastéis de massa tenra (9€) servem-se estaladiços por fora, húmidos por dentro, com um recheio peculiar de camarão e choco. A lista de entradas e petiscos é longa e inclui um fresco carpaccio de polvo e pico de gallo (14€) ou ovos rotos com presunto para aquecer o coração (16€). Mas não dê o capítulo inaugural por encerrado até provar o panuzzo com rúcula e tártaro de camarão (7€), uma base de massa fina generosamente guarnecida. No final, persiste o sabor a mar.
"Diria que este restaurante vai ao encontro de vários perfis, desde a pessoa que trabalha aqui perto e quer ter um almoço de trabalho ao casal que vive aqui e vem para aproveitar um bom momento a dois ou com a família e deixa os miúdos a brincar no parque. Ou grupos de amigos", continua Frederico. É por isso que nem só com amêijoas e imperiais se cria a clientela do Madrasta. Os pratos de massa (14€-22€) são feitos com a pasta fresca que já circula nas restantes cozinhas do grupo. Já as pizzas (10€-16€) têm o dedo de Luiz André Alvim, da Bike Bakery. Resulta de um processo de fermentação lenta que a deixa volumosa e arejada, porém crocante.
Se, dentro dos pratos principais, quiser ir directo ao assunto, há três pratos que não convém perder – o arroz de forno com magret de pato (22€), o arroz cremoso de lavagante (24€) e a lasanha de costela mendinha (14€), densa mas feita para se desfazer na boca numa questão de segundos.
O espaço é bem iluminado, aberto para o exterior. O edifício mantém a traça curvilínea dos anos 50, embora tenha sido totalmente remodelado, após o desfecho do concurso público lançado pela Câmara Municipal de Oeiras. O projecto, assinado pela arquitecta Inês Moura, brinca com cores e texturas, das pastilha nas paredes ao chão em terrazzo, e com uns quantos extras, entre eles um painel da Oficina Marques e peças em cerâmica de Bela Silva.
Às duas salas interiores junta-se a generosa esplanada e um rooftop, com um bar – tem cerca de 40 lugares e a abertura está prevista para ainda antes do Verão. Com vista para o Atlântico, o topo do edifício tem tudo para ser umas das paragens obrigatórias dos próximos meses, ou pelo menos o local de eleição para abrir a carta de vinhos (entre 70 e 80 referências) ou as páginas com os cocktails da casa.
Mas cada coisa a seu tempo, até porque ainda há uma secção de sobremesas para desbravar. E se o tiramisù (8€) é já um clássico da casa, há um profiterole com praliné de pistáchio e molho de chocolate salgado (8€) e um croissant com abade Priscos (6€), entre outros, acabados de aterrar em Paço de Arcos e que prometem fazer estragos.
O Madrasta não é o único avanço do Grupo Non Basta na Linha. Em fase de abertura está já também um novo Pasta Non Basta em Cascais. Fica no One Market, complexo de lojas a restaurantes que integra um novo empreendimento imobiliário, que agora ocupa a antiga praça de touros. Ainda assim, não há dúvidas de qual vai ser a estrela do Verão. Esta madrasta pode manter uma costela italiana, mas é muito mais do que isso.
Rua do Jardim Municipal de Paço de Arcos (Paço de Arcos). 21 151 3012. Dom-Qui 12.00-00.30, Sex-Sáb 12.00-01.00
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