[title]
Este ano, o Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva será atribuído ao projecto de limpeza, higienização e restauro da Biblioteca da Brotéria, graças à sua “metodologia exemplar”. O anúncio foi feito esta segunda-feira e a cerimónia de entrega do prémio pecuniário (50 mil euros) está marcada para quinta-feira, 12 de Setembro, às 17.00, na própria Brotéria.
O acervo bibliográfico da Brotéria conta actualmente com cerca de 160 mil volumes, que foram sendo reunidos ao longo dos últimos 100 anos. 90 mil títulos pertencem ao Fundo Geral, perto de 4 mil ao Fundo de Livro Antigo, tendo sido publicados até ao ano de 1800, e cerca de 65 mil são periódicos, dedicados a temáticas tão variadas como História, Filosofia, Astronomia, Matemática e Sociologia Política.
A intervenção agora premiada implicou não só a limpeza e estabilização de todos esses volumes, como também o restauro, por parte de profissionais especializados, das espécies em estado de conservação mais crítico. Além disso, destaca-se ainda a disponibilização dos espólios bibliográficas de vários investigadores, o acesso digital a fundos documentais do Arquivo Romano da Companhia de Jesus e ao Fundo “Jesuítas na Ásia” da Biblioteca da Ajuda, a abertura gratuita da biblioteca ao público e uma intensa programação, que inclui cursos, palestras, mesas-redondas e exposições.
Segundo a Fundação Calouste Gulbenkian, o projecto destacou-se não só pela “metodologia exemplar para a inventariação, preservação, restauro e disponibilização pública” do fundo bibliográfico, como também pelo “estímulo à investigação científica, ao gosto pela leitura e ao debate de ideias”, contribuindo “para a consolidação local de um importante pólo de dinamização cultural que, por sua vez, se articula com a rede envolvente de instituições congéneres”, nomeadamente o Palácio, a Igreja e o Museu de São Roque, o Museu do Chiado, os teatros de São Carlos, São Luiz e Trindade, a Faculdade de Belas Artes e o Conservatório Nacional.
Menções honrosas para Lisboa, Coimbra e Funchal
Face à qualidade das candidaturas (20 ao todo), o júri do Prémio – composto por António Lamas, Gonçalo Byrne, Raquel Henriques da Silva, Rui Vieira Nery e Santiago Macias – atribui também menções honrosas aos projectos de:
- Recuperação do Palácio de São Roque, que passou pela recuperação da integridade palaciana do edifício e pela sua adaptação às necessidades da Casa Ásia, um novo museu aberto à cidade, para expôr a colecção de arte asiática de Francisco Capelo;
- Reabilitação do Seminário Maior de Coimbra, de forma a adequar as instalações às exigências contemporâneas, incluindo com a promoção de um programa de visitas guiadas que se estendem ao jardim, aberto sobre o rio Mondego, e a disponibilização de alguns quartos intervencionados ao turismo religioso e académico;
- Reabilitação e restauro do Convento de Santa Clara, no Funchal, que incluiu, por exemplo, a criação de um renovado percurso de visita e a engenhosa forma de exposição do altar-mor, que terá estado desmontado durante mais de 200 anos.
Criado em 2007 em homenagem ao filantropo e mecenas português Vasco Vilalva, o Prémio Gulbenkian do Património tem procurado reconhecer intervenções exemplares em bens móveis e imóveis de valor cultural que estimulem a preservação e a recuperação do património. Em 2023, o vencedor foi o Chalet Ficalho, em Cascais, “pela importância patrimonial do edifício enquanto expoente de um estilo arquitetónico em grande parte já hoje destruído na maioria das zonas balneares do país, pelo carácter modelar do respeito pelas técnicas e materiais originais no projecto de recuperação e pelo equilíbrio exemplar entre a preservação do conjunto e a sua adequação à sua nova função como equipamento hoteleiro”.
Está nas bancas a edição de Verão da Time Out
+ “Livros incendiários” chegam à Feira Anarquista, desta vez na Casa da Achada