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A Parques de Sintra foi às compras e voltou com três aquisições de peso que adiciona agora ao espólio do Palácio Nacional de Queluz. Destas "três novas e importantes peças, que vêm contribuir para a interpretação histórica deste monumento e da sua época", como assinala em comunicado, o destaque vai para um retrato de D. João VI (1767-1826), considerado "inédito".
"A empresa adquiriu um retrato inédito de D. João VI, quando ainda era príncipe regente, da autoria do conceituado pintor Henri-François Riesener", lê-se no mesmo comunicado, emitido esta terça-feira pela Parques de Sintra. Um "retrato inédito de um rei que detestava posar para pintores" adquirido em Março deste ano num leilão, na Alemanha. Segundo a empresa, o pintura nunca havia sido referenciada e foi prontamente adquirida dada a relação entre o palácio e a vida do monarca.
Mas as compras não ficaram por aqui. O lote de aquisições, que representa um investimento de cerca de 100 mil euros, inclui ainda um relógio que pertenceu à rainha D. Carlota Joaquina (1775-1830), objecto de aspecto curioso, do período da Revolução Francesa e "com uma surpreendente ligação ao rei Luís XVI". De acordo com uma investigação desenvolvida pelo Palácio Nacional de Queluz, a peça é de fabrico francês e "replica o obelisco erguido em Port-Vendres, por iniciativa do conde de Mally, em homenagem ao rei deposto e guilhotinado.
"É possível que tenha sido uma oferta a D. João VI para assinalar o momento em que assumiu a regência do reino, em 1792. Posteriormente, transitou para a posse de D. Carlota Joaquina, que o colocou na sua Quinta do Ramalhão, em Sintra, onde foi inventariado em 1829", lê-se. Após ser submetido a um processo de restauro, o relógio fará parte do circuito expositivo do palácio.
O mesmo vai acontecer com a pintura assinada pela princesa Maria Francisca Benedita (1746-1829), a terceira peça comprada no leilão na Alemanha. A representação da Virgem Maria vem atestar o seu gosto pela pintura – sabia-se já que teria recebido aulas de Domingos Sequeira –, bem como o tipo de quadro que produzia a irmã mais nova de D. Maria I: "pequenos formatos, com figuras de santos ou cenas de cariz religioso, destinadas à devoção privada, para colocação num quarto ou oratório".
O retrato do rei
Mas a nova estrela do acervo é mesmo o retrato de D. João VI, obra que "deverá datar" de 1815. "Tem muitas semelhanças com o retrato de D. João VI que pertence ao Museu do Tesouro Real, mas foi pintado antes e mostra o monarca quando ainda era Príncipe Regente a apontar, simbolicamente, para Portugal Continental num globo terrestre que está pousado sobre um mapa que representa o Brasil; um gesto de afirmação política, numa clara alusão à união dos dois territórios."
De acordo com a investigação feita pela equipa do Palácio Nacional de Queluz, a pintura terá sido encomendada pelo Marquês de Marialva, na altura embaixador de Portugal em Paris. O quadro terá sido feito a partir de gravuras e relatos orais do marquês acerca da aparência do rei, uma vez que Riesener nunca foi ao Brasil, local onde a família real se havia fixado em 1807.
A obra será exposta "em breve" nos aposentos que pertenceram a D. João VI.
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