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Rio de Prata: comida portuguesa com um twist e vista para o rio

No empreendimento de luxo Prata Riverside Village, na zona oriental da cidade, abriu este restaurante que quer chegar a todos.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Rio de Prata
Francisco Romão Pereira
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A vista é desafogada, numa zona da cidade que tem vindo a ganhar um novo impulso à boleia do empreendimento Prata Riverside Village, mas também do Parque Ribeirinho Oriente. O Rio de Prata, aberto desde Novembro, é, na verdade, o casamento entre os dois mundos. Fica num destes prédios novos, colado ao novo jardim. Tem esplanada, duas salas amplas e uma carta de conforto com sabores conhecidos, mas toque de chef – até mesmo nas sobremesas. 

Rio de Prata
Francisco Romão Pereira

“A ideia foi ter um espaço que não se sobrepusesse ao exterior e que fosse algo também alcançável para as pessoas”, começa por destacar Bernardo Ventura, que depois de ter tirado o curso de piloto viu o sonho de voar ameaçado pela pandemia. Nessa altura, foi desafiado para abrir o World of Heroes, o restaurante dedicado aos heróis de banda-desenhada no Marquês de Pombal, e aí despertou a vontade de abrir um negócio seu. Entre os dois restaurantes, porém, não há nada em comum. Junto ao Tejo, Bernardo quer honrar a gastronomia portuguesa, mas não sem lhe dar um twist, e para isso conta com a chef Carla Sousa, que estava num interregno depois de oito anos à frente do restaurante do Hotel Valverde, na Avenida da Liberdade. 

Rio de Prata
Francisco Romão PereiraChamuças de pato e laranja caramelizada

O encontro entre Bernardo e Carla foi quase um acaso. “Uma pessoa que conhecia uma pessoa” sugeriu o nome da chef quando soube que Bernardo estava empenhado em dar vida ao Rio de Prata. “A Carla queria abraçar um novo projecto, descontraído, e isto é um espaço sem vícios, chave na mão”, conta Bernardo, que, apesar da pouca experiência na área, sabia bem o que queria. “A ideia foi pegar na matéria-prima portuguesa, fazer com que a comida se realçasse por si própria. São sabores portugueses, mas não é comida tradicional portuguesa. A chef Carla e eu desenvolvemos um menu que fosse de partilha”, continua. 

Rio de Prata
Francisco Romão PereiraOvos rotos com duo de batata

“O Bernardo gosta muito de comer, comer bem, e foi dando opiniões. Foi muito fácil. Ele dava umas ideias e nós facilmente agarrávamos nisso e trabalhávamos de uma forma mais técnica”, acrescenta a chef, que conta no currículo com experiência na extinta Cervejaria Lusitana do chef Vítor Sobral, no Penha Longa Resort com o chef Rui Calçada, ou no Bairro Alto Hotel, na altura em que lá esteve Henrique Sá Pessoa. “Já tenho um percurso um bocadinho longo”, diz Carla, apontando Sá Pessoa como o seu “grande inspirador”. “Foi com ele que percebi que queria ser chef.”

Rio de Prata
Francisco Romão PereiraPrego de Bacalhau em brioche caseiro

Na cozinha aberta do Rio de Prata, Carla está decidida a apostar “numa cozinha simples, mas muito saborosa, com um toque contemporâneo”, sempre influenciada pelas suas raízes cabo-verdianas. Como? “Tento ir buscar um bocadinho aquele exotismo, aquela mistura de condimentos um bocadinho mais acentuada, mais forte e não necessariamente picante. As marinadas, os temperos. Aprendi isso desde pequenina”, revela. 

Na carta, dividida entre pratos para partilhar e principais do campo, do mar e da terra, Bernardo garante que já se começam a destacar alguns pratos, como as chamuças de pato e laranja caramelizada (9€), os croquetes de alheira e compota de pimentos (8€) ou os ovos rotos com duo de batata (9€). 

Rio de Prata
Francisco Romão PereiraAtum braseado com xérem e berbigão

Nos pratos mais compostos, a partilha também é possível. Bernardo diz uma e outra vez que o objectivo é que todos os que aqui chegam se sintam à vontade. “É um espaço dos 8 aos 80, onde se pode vir beber um copo ao final do dia, apreciar a vista e ficar para jantar, mas também se pode vir em família, as crianças podem brincar no jardim, andar de bicicleta enquanto não vem a comida. É muito versátil”, defende o responsável. Para os miúdos, não há um prato na carta, mas a chef tem sempre uma solução. “Esta semana é um hambúrguer. Já foi bitoque. No fundo, é uma sugestão da chef para os miúdos”, explica Bernardo. Tal como o prato de bacalhau aparece na carta apenas como “bacalhau à chef” (17€) porque todas as semanas é diferente.

Rio de Prata
Francisco Romão PereiraEntrecosto caramelizado

“O bacalhau é aquele prato que dá para mil e uma coisas, eu acho até um bocadinho desperdício e injusto para a própria proteína que é tão versátil, fixar só com um. Porque não variar? Para nós é um desafio”, assegura a chef, destacando ainda outro prato de bacalhau, o prego em brioche caseiro (16€). Na parte dedicada ao mar, há ainda um atum braseado com xerém e berbigão (19€), um tentáculo de polvo, batata doce e romanesco (18€), e um lombo de garoupa com arroz de tomate (18€). 

Na carne, as opções dividem-se entre bochechas estufadas com puré de castanhas e maçã (17,5€), entrecosto caramelizado (18,5€) e coxa de pato confit com polenta aromatizada (18€), mas também a bisteca “T-Bone” (45€/400gr) e o tornedó de novilho (18€).  

Rio de Prata
Francisco Romão PereiraCarla Sousa, Bernardo Ventura e Ângela Sousa

Para a cozinha, Carla chamou também a sua irmã, Ângela Sousa, chef pasteleira que trabalhava anteriormente no Darwin's Café, na Fundação Champalimaud. “Acho que é muito importante numa cozinha haver alguém igualmente dedicado às sobremesas. Eu faço sobremesas, sempre fiz, trabalhei muito anos sem pastelaria, mas sei a dificuldade que é e acho que temos de apostar nas sobremesas exactamente da mesma forma que se aposta nos pratos porque uma coisa complementa a outra”, justifica Carla. “Para isso tem de haver dedicação, técnica e conhecimento. Eu, por mais que queira, tenho de me dedicar só a uma.”

Rio de Prata
Francisco Romão Pereira

A aposta é por isso notória. Há tantas entradas de sobremesas na carta como nos pratos, sendo tudo feito em casa, frisa Bernardo. Do mil-folhas de pistáchio e sorbet (8,5€) à tarte de queijo e telha de medronho (6,5€), das farófias e crocante de canela (6,5€) à mousseline de frutos vermelhos (7€). Nada como um passeio à beira-rio para descobrir. 

Prata Riverside Village, 8 loja 6 (Braço de Prata). 218 681 080. Qua-Qui 12.30-15.00, 19.00-23.00. Sex-Sáb 12.30-15.00, 19.00-00.00. Dom 12.30-17.00

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