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Robert Wilson, Cucha Carvalheiro e Olga Roriz na nova temporada do São Luiz

Na rentrée, o teatro municipal mantém a vontade de se desenhar em torno de várias artes, do teatro à música. “Eu gostava que isto fosse uma grande casa, central”, diz Miguel Loureiro.

Beatriz Magalhães
Escrito por
Beatriz Magalhães
Jornalista
Pessoa – Since I have been me
© Lucie JanschPessoa – Since I have been me
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No teatro, há Robert Wilson, Arthur Miller e Shakespeare. Na dança, Olga Roriz, Catarina Miranda e Matthieu Ehrlarcher. Na música, Lena d’Água, Samuel Úria e o regresso de Martim Sousa Tavares. Pelo meio, há o que pensar, o que ler e o que visitar. Na nova temporada do São Luiz Teatro Municipal, a par das peças de teatro, dos espectáculos de dança e de performance, há espaço para concertos, lançamentos de livros, ciclos de conversas e visitas guiadas. Para 2024/2025, mantém-se uma vontade de tornar o São Luiz um centro de cruzamento de diferentes disciplinas artísticas e de afirmar a sua centralidade no cenário artístico e cultural da cidade. 

A partir de Setembro, tal como aconteceu com a anterior temporada, a nova programação do São Luiz desenha-se em torno de tudo o que cabe naquele teatro. E, segundo o director artístico, Miguel Loureiro, isto é uma vontade, mas também uma necessidade. “Eu gostava que isto fosse uma grande casa, central, no Chiado, em Lisboa. O meu impulso não é apenas de validação artística, tem a ver com os pergaminhos e com a história da casa, e tem a ver com as necessidades da cidade. Numa altura em que temos o Teatro Nacional D. Maria II ainda fechado, em regime de programa Odisseia, portanto com o seu espaço mãe fechado, e com o Teatro Nacional São Carlos a fechar, eu predisponho-me a colaborar tanto com a música como com o teatro, como com a dança”, diz à Time Out. 

A programação responde assim às “contingências do momento actual – quem é que está a produzir, o que é que estão a produzir, como é que o trabalho artístico deles reflecte determinado momento desta cidade e do país”, continua. No teatro, destacam-se nomes estrangeiros, como Robert Wilson, que apresenta Pessoa – Since I have been me, a 7 e 8 de Março de 2025. O espectáculo, que se apresenta como “objecto simbólico da temporada”, estreou em Maio deste ano, no Teatro della Pergola, em Florença, e evoca as diferentes dimensões da obra de Fernando Pessoa, olhando para a sua poesia. A peça conta com a participação de sete actores, incluindo Maria de Medeiros. Da autoria de Arthur Miller, As Bruxas de Salém é apresentada entre 13 e 15 de Dezembro. Baseada em factos históricos, a peça é encenada por Nuno Cardoso. Entre 19 e 22 de Dezembro, Hamlet – L’Ange du Bizarre, de Shakespeare, tem direcção de Miguel Moreira. Macbeth, uma versão mais contemporânea de Heiner Müller, chega-nos entre 14 e 23 de Fevereiro pelas mãos de Paulo Castro. Teresa Sobral encena Class Enemy, de Nigel Williams, entre 12 e 27 de Outubro. O espectáculo segue seis rapazes que, barricados numa sala de aula, tentam destruir tudo o que representa “o sistema”.

Entre as peças assinadas em português, Last Call, apresentada por Os Possessos, conta com a criação e interpretação de Leonardo Garibaldi. Debruça-se sobre a dificuldade de se aceitar o desconhecido e pode ser vista entre 2 e 6 de Outubro. O Hotel Europa leva as preocupações que levanta a Urgência Climática ao São Luiz, de 22 a 27 de Outubro. Carla Bolito apresenta Tudo A Que Se Chama Nada, entre 11 e 26 de Janeiro, composta por duas peças de Nathalie Sarraute – Por tudo e por nada e Aqui está ela. Deseja-se Fernanda!, co-produzida pela Escola de Mulheres, homenageia Fernanda Lapa, “a sua mentora e mestre de tantos nós”, e “é uma glosa a um título de Almada Negreiros, que foi também mestre e amigo dela”. O texto é de Ana Lázaro e a encenação de Cucha Carvalheiro e a peça é apresentada entre 15 e 23 de Março. Da companhia Urso Pardo, com encenação de Miguel Graça, chega-nos, de 14 a 22 de Junho, Killer Joe, escrita por Tracy Letts. Troianas, obra clássica encenada por Renata Portas, está em cena entre 10 e 13 de Julho. 

No que toca à dança, Tânia Carvalho destaca-se com dois espectáculos na rentrée. “Isto porque a Tânia também nos fechou esta temporada e é uma espécie de pórtico da temporada, porque eu gostava realmente que o São Luiz tivesse esta distribuição de disciplinas, não só o teatro, mas também a dança e a música”, reforça o director artístico, que realça ainda a importância de “pensar o que é que o São Luiz foi até aqui, o que é que o São Luiz precisa de continuar a ser, mas aquilo que ele precisa de ter também”. O primeiro, apresentado entre 19 e 21 de Setembro, é co-criado com François Chaignaud e conta com a participação do colectivo Dançando com a Diferença. Chama-se Blasons + Doesdicon. A 27 e 28, a coreógrafa junta-se a Matthieu Ehrlacher e aos Papillons D’Éternité para apresentar Nymphalis Antiopa. Entre 10 e 13 de Abril, Vânia Rovisco apresenta No Corpo: Assim se Conhece o Mundo. O Salvado, apresentado de 9 a 12 de Julho, é um solo dirigido e interpretado por Olga Roriz, que chega dez anos depois do seu último solo A Sagração da Primavera.

Da música ao pensamento 

No campo da música, Martim Sousa Tavares volta a liderar o programa Foco Maestro. No dia 7 de Dezembro, com a Orquestra do Algarve, e entre 12 e 14 de Dezembro, com Catarina Wallenstein. A 13 de Setembro, Fado Jazz – Filhos da Revolução, protagonizado por Júlio Resende, celebra a liberdade e os 50 anos da Revolução de Abril. No dia seguinte, o pianista junta-se aos cantores Paulo Lapa e Tiago Matos. A 8 de Outubro, Samuel Úria traz o ano 2000 ao teatro do Chiado. A 12 de Novembro, Lena d’Água apresenta o novo álbum Tropical Glaciar. No dia 25 de Novembro, é a vez de Sara Correia cantar Liberdade. Em Novembro, o Misty Fest, que se desdobra por vários palcos de Lisboa e do Porto, leva ao São Luiz Maria João & André Mehmari (8), Tony Ann (9), Sven Helbig Solo (10), Rocío Márquez Y Bronquio (10), LINA_ (27). No primeiro semestre de 2025, o São Luiz acolhe um ciclo de espectáculos de ópera e de música de câmara integrados na programação do Teatro Nacional São Carlos.

O teatro municipal é também anfitrião de alguns espectáculos do Alkantara Festival. A 16 e 17 de Novembro, Mamela Nyamza apresenta Hatched Ensemble. Entre 21 e 23, Keli Freitas assina a peça Volta para a tua Terra. Em Fevereiro, celebra-se o Black History Month e no dia 27 desse mês, L’USAfonia é uma viagem à música negra do cancioneiro norte-americano. Em Maio, entre os dias 8 e 25, o teatro volta a ser um dos palcos principais do FIMFA Lx25, o Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas, que celebra 25 anos. Ainda este ano, a 3 de Novembro, comemora-se o 30.º aniversário da Galeria Zé dos Bois com a instalação artística Tape Worm (Solitária), que parte de uma peça do artista plástico Alexandre Estrela. Já a 24 de Novembro as celebrações vão para os 20 anos da revista Sinais de Cena.  

Entre os ciclos de pensamento, que revelam “a veia reflexiva em que interessa apostar”, destacam-se O Nosso Futuro Ainda Humano, focado em inteligência artificial, com curadoria de Carlos Pimenta, que decorre de 17 de Setembro a 6 de Dezembro e conta com convidados da área da Filosofia, e ABC da Guerra, concebido e conduzido por João Sousa Cardoso, e que reflecte em torno de textos de teatro sobre a guerra. Este último acontece entre Janeiro e Junho. Entre Setembro e Maio, uma vez por mês, pode contar com visitas guiadas a vários espaços do teatro, em que ficará a conhecer mais sobre a sua História.

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