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Cinco livros, cinco municípios, cinco realizadoras, cinco telefilmes. Contado Por Mulheres é um projecto ambicioso que juntou a RTP, a Ukbar Filmes e a Krakow Film Klaster (Polónia) para fazer chegar ao horário nobre televisivo um conjunto de telefilmes realizados por mulheres, a partir de histórias de grandes autores da língua portuguesa. A ideia foi apresentada em Março do ano passado, no Dia Internacional da Mulher, e a estreia chegou a estar prevista para 2021, mas foi adiada para esta quarta-feira, 16 de Novembro. Até dia 14 de Dezembro serão emitidos os primeiros cinco telefilmes, e devem estrear outros tantos durante o próximo ano.
“A ideia inicial para estes telefilmes era constatar a transformação de um país e de uma sociedade em diferentes contextos políticos, sociais e económicos, espelhando a realidade portuguesa neste arco temporal dos últimos 100 anos através de histórias de grandes autores da língua portuguesa. São eles que nos ajudam a caracterizar a sociedade com as suas matizes regionais, fazendo-nos sentir os dramas de uma época ou os detalhes da actualidade”, começa por explicar a estação pública em comunicado.
A 16 de Novembro, estreia Vizinhas, realizado por Sofia Teixeira Gomes, com argumento da actriz Ana Brito e Cunha a partir do livro de contos Prantos, amores e outros desvarios, de Teolinda Gersão. O telefilme, rodado em Ferreira do Zêzere, acompanha duas amigas de infância (interpretadas pelas actrizes Natalina José e Margarida Carpinteiro) que se reencontram na terceira idade na aldeia onde cresceram e lutam para manter a promessa de ficarem juntas para sempre, enquanto os familiares as tentam internar num lar.
O telefilme seguinte foi rodado na Covilhã e será emitido a 23 de Novembro: A Traição do Padre Martinho, com realização de Ana Cunha e argumento de Cláudia Clemente, a partir da obra homónima de Bernardo Santareno. Com um elenco composto por actores como Diogo Martins, Amélia Videira, Luís Esparteiro ou Ricardo Carriço, a história foca-se num jovem padre que, em finais dos anos 60 do século passado, é expulso pelo patriarcado, mas que recolhe apoio da população por lutar por melhores condições de vida e de trabalho.
E foi em Ovar que decorreram as filmagens de Os Armários Vazios, também inspirado no livro com o mesmo nome, da autoria de Maria Judite de Carvalho, e com estreia marcada para o dia 30 de Novembro. Passado nos anos 70, conta a história de uma viúva que vive para a filha e descobre que o marido não era quem ela pensava. Realizado por Cristina Carvalhal e com argumento de Marta Pais Lopes, no elenco encontramos Sandra Faleiro, Lúcia Moniz ou Marco Delgado.
A obra Os Vivos, o Morto e o Peixe Frito, do escritor angolano Ondjaki, foi também adaptada para este projecto, num filme homónimo que será emitido a 7 de Dezembro. Conta com a realização de Daniela Ruah e argumento de José Pinto Carneiro e a acção decorre em Torres Vedras, no ano de 2006. Mais precisamente num dia em que Portugal e Angola se defrontam no Mundial desse ano e os personagens JJ (Igor Regalla) e Mina (Soraia Tavares) resolvem anunciar, durante o jogo, que vão ser pais, apesar de não se quererem casar.
Por último, a 14 de Dezembro, os telespectadores poderão ver uma adaptação de Quando o Diabo Reza, de Mário de Carvalho, com realização de Fabiana Tavares e argumento de Vasco Monteiro. Passado na Guarda, na actualidade, o filme põe em confronto um “bando de gandulos” e duas irmãs que sonham em ficar com o dinheiro de um idoso, embora este não seja uma presa fácil.
As histórias, seleccionadas “durante a pandemia” com a ajuda de bibliotecas, alfarrabistas, professores, críticos, universitários ou compêndios da literatura portuguesa, foram relocalizadas no tempo e no espaço, mas não só. “Durante o desenvolvimento foi importante desconstruir preconceitos de género em relação às personagens das próprias histórias. Para isso foi feita uma auto-análise com base nos princípios do Bechdel test [uma forma de avaliar se uma obra apresenta as mulheres como iguais aos homens, incluindo uma cena em que duas ou mais personagens femininas conversam sobre qualquer coisa além de homens], dando características e dinâmicas para que o empoderamento não fosse feito apenas atrás da câmara”.
RTP1. Qua 21.00.
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