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A loja é pequena mas a montra de habilidades da anfitriã está para lá de completa. Nos expositores e prateleiras há vestuário, peças de cerâmica, jóias e pintura, tudo com a mesma assinatura – a de Sarah Sofie Norbo. Para a designer dinamarquesa, a vinda para Lisboa é o culminar de uma vida repleta de descobertas.
E tudo começou com o vestuário, mais precisamente com o design têxtil, ainda no país natal. De Copenhaga para Londres, Sarah investiu numa abordagem experimental dos materiais e permaneceu em contacto com outros designers. A moda levou-a para Paris, mas um problema de saúde fê-la procurar um paraíso onde pudesse recuperar. Foi parar a Bali, na Indonésia, onde teve contacto de a comunidade de artesãos locais.
"Gradualmente, comecei a fartar-me da moda e a despertar para a questão a sustentabilidade", refere. Em 2017, criou a Nobody. Sem género, nem sobressaltos de cor, as peças fazem ressaltar o lado mais cru de materiais como o linho, o algodão e a seda. Na construção, a roupa possui formas orgânicas e mutáveis, capaz de desafiar quem a usa a descobrir novas formas de vestir. "A ideia é que o guarda-roupa seja muito mais definido pelo que nos faz sentir bem e pelo que realmente representa a nossa personalidade", continua.
Sarah abrandou, ao ritmo da sua própria marca. "Mais do que tendências de moda, trabalho com camadas e texturas", nota. Sem colecções sazonais, a Nobody propõe peças produzidas manualmente na ilha indonésia e ainda abriu caminho para a designer se dedicar a outras áreas. Foi aí que desenvolveu o gosto pela cerâmica, em particular pela cerâmica japonesa. A partir do culto da imperfeição, uma filosofia conhecida como wabi-sabi (na origem do nome da loja), molda as próprias peças – assimétricas e irregulares.
De regresso à Europa, o novo de estilo de vida exigiu também uma nova morada, mais pacata do que as movimentadas Londres e Paris. Lisboa foi o poiso escolhido e a Rua da Madalena o destino da recém-inaugurada Sabi. Decorada a rigor e seguindo os princípios de minimalismo e harmonia que regem o processo criativo de Sarah, a loja guarda outras surpresas – um provador de dimensões generosas, decorado com com flores suspensas, uma linha de joalharia, também ela desenhada pela proprietária, e uma fragrância especialmente desenvolvida para o espaço, também presente nas velas que estão à venda.
Jóias e vestuário continuam a ser produzidos em Bali, mas em solo português, a designer dinamarquesa continua ocupada – as peças em cerâmica são desenvolvidas no Sedimento Studio, enquanto a veia de pintora anda a ser explorada aqui mesmo. Agora que o nervoso miudinho de abrir a primeira loja começa a passar, Sarah procura um espaço para montar atelier, sinal de que a Sabi veio para ficar.
Rua da Madalena, 116 (Baixa). Seg-Dom 11.00-19.00
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