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Al Pacino é um dos grandes nomes do cinema e a cara de inesquecíveis personagens da sétima arte. Frank Slade, personagem de Perfume de Mulher (1993) que lhe valeu o único Óscar da carreira (até agora) é certamente uma delas. Mas são oito as nomeações aos prémios da Academia, um número que acaba por reflectir uma carreira de peso, na qual se destaca a interpretação de Michael Corleone, papel que encarnou por duas vezes nos filmes O Padrinho (1972) e O Padrinho – Parte 2 (1974), de Francis Ford Coppola, primeiro nomeado como Actor Secundário e depois como Actor Principal. No seu livro de memórias, Sonny Boy (publicado em Portugal com o selo da Editorial Presença), Al Pacino fala sobre tudo isso e muito mais – começando pelas origens pobres no Bronx, em Nova Iorque. Reunimos dez curiosidades sobre o actor até ao momento em que, no livro, é convidado, directamente por Coppola, a integrar o elenco de O Padrinho.
1. Primeiro, o nome que dá o título a este livro. Sonny Boy é a alcunha que a mãe de Al Pacino lhe deu ainda em pequeno. “Adoptou-a do cinema, quando a escutou na voz de Al Jolson, numa música que ficou muito conhecida”, escreve Pacino. O filme é The Singing Fool (1928), de Lloyd Bacon. Mas não foi esta a única alcunha atribuída ao actor: os amigos de infância também lhe chamavam Pacchi (diminutivo de Pacino) e Pistachio, por gostar de gelados com esse sabor.
2. Natural do Bronx, tinha alguma liberdade para andar à solta pelo bairro e, se não tivesse sido bafejado pela sorte, talvez nunca tivéssemos conhecido Al Pacino. Por exemplo, um dia decidiu ir patinar no gelo do rio Bronx com um par de ténis, caindo nas águas geladas. Valeu-lhe um amigo, que arranjou um pau comprido para o resgatar. Noutra vez, ainda não tinha dez anos, fez equilibrismo numa fina barra de uma vedação de ferro, escorregou e a barra atingiu-o “em cheio entre as pernas”.
3. Aficcionado pelo basebol, chegou a ser jogador da modalidade na equipa PAL (Police Athletic League) lá do bairro, uma organização em que agentes da polícia ensinam basebol aos mais jovens. “Era veloz e ágil”, recorda o actor nestas memórias, e durante algum tempo acalentou o sonho de se tornar um jogador de basebol profissional.
4. Frequentou a High School of Performing Arts, mas abandonou a escola aos 16 anos. Foi ainda aluno do Herbert Berghof Studio, onde chegou a limpar as casas de banho para o deixarem ir às aulas. Mas “o primeiro e único certificado de habilitações” que Al Pacino tem é uma licença de manutenção de caldeira, que obteve quando trabalhou como responsável de manutenção de um prédio, aos 25 anos de idade.
5. Foram bastantes os trabalhos esporádicos que Al Pacino teve para se sustentar, enquanto tentava encontrar o seu caminho como actor. Um deles foi como arrumador no Rivoli Theatre, em Times Square, entretanto demolido. Ora, nesse teatro existia “um balcão de doces com espelhos perpendiculares entre si” que prendiam a atenção do jovem arrumador, que parava para se observar de vários ângulos. “Acabei despedido por me olhar em demasia ao espelho”.
6. Conheceu o Martin Sheen no Herbert Berghof Studio e partilharam um apartamento no South Bronx até ao início dos anos 60, frequentado por bastantes amigos dos dois jovens actores. Como um tal de Sal Russo, cuja namorada Sandra era amiga de Joan Baez. A cantora, diz Pacino, “aparecia no apartamento, sentava-se de pernas cruzadas num canto e tocava guitarra”, antes de se ter tornado famosa.
7. Aos 21 anos, Al Pacino conquistava alguns palcos da off-off-Broadway e ainda não se tinha estreado nos ecrãs. Aliás, o primeiro crédito do actor é relativamente tardio, num episódio da série NYPD, de 1968. E porquê? Porque este menino, com os tais 21 anos, atrasou-se e faltou a uma importante audição para o papel principal do filme America America (1963), do realizador Elia Kazan. O papel acabou por ir para o grego Stathis Giallelis e o filme foi nomeado para quatro Óscares, incluindo Melhor Filme, Realização e Argumento, vencendo na categoria de Direcção de Arte. De Giallelis pouco mais se ouviu falar.
8. A peça de teatro que acabou por lançar a carreira de Al Pacino foi Does a Tiger Wear a Necktie? (1969), de Don Petersen, que lhe valeu um Tony de Actor Secundário. E foi essa peça que Francis Ford Copolla viu e lhe chamou a atenção para o actor que mais tarde seria Michael Corleone, em O Padrinho (1972), adaptação do livro de Mario Puzo. No entanto, não foi esse o primeiro filme que esperavam fazer juntos, mas sim um outro que nunca chegou a ver a luz do dia. Seria sobre um professor universitário casado e com filhos que se envolve com uma aluna, papel que caberia a Pacino.
9. O arranque da rodagem de O Padrinho não correu particularmente bem a Al Pacino, com a produtora a questionar o seu talento e a propor alternativas, como Jack Nicholson ou Warren Beatty. O facto de não ter muita experiência em set não ajudou, embora já tivesse entrado nos filmes Me, Natalie (1969) e Pânico em Needle Park (1971), este último como protagonista. A seu lado nesses primeiros dias tinha Diane Keaton, também em início de carreira, e juntos partilharam algumas dores. Nos primeiros dias de rodagem, Pacino e Diane Keaton tinham a certeza de estar “no pior filme alguma vez feito”, fartaram-se de rir, embebedaram-se e acharam que as suas carreiras tinham terminado.
10. O avô materno de Al Pacino era italiano e oriundo de uma pequena localidade italiana chamada… Corleone. Uma terra siciliana que, segundo a Wikipédia, tem um curioso conjunto de notáveis: dali saíram pelo menos 12 famosos gangsters.
Sonny Boy. Editorial Presença. 21,90€ (pp. 317)
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