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"A ciclovia da Almirante Reis é para acabar." Ainda era Carlos Moedas candidato à Câmara Municipal de Lisboa (CML) e o eixo que liga o Martim Moniz ao Areeiro já era tema central. A afirmação acabou por ser afinada, reformulada, até que em Novembro de 2022 se aprovou uma metodologia que contaria com a participação dos cidadãos para desenhar a requalificação da avenida. O projecto, cujo início de obra está previsto para 2027 (e conclusão para o ano seguinte), foi apresentado esta terça-feira, 26 de Novembro, nos Paços do Concelho, e centra-se numa reorganização do eixo de cerca de três quilómetros e 25 metros de largura.
Concretizando-se os planos, o separador central da avenida desaparece, cria-se uma ciclovia (por vezes unidireccional, outras bidireccional) segregada do trânsito rodoviário por um corredor de árvores e arbustos, o pavimento é substituído nas zonas de passeio, em algumas áreas da via central o asfalto desaparece para dar lugar a cubos de granito e são criados lugares de estacionamento (200 dos quais em parques subterrâneos).
A Almirante Reis "foi uma discussão que bipolarizou a sociedade e foi preciso acabar com essa fricção. Penso que isso já foi uma grande vitória", sublinhou Carlos Moedas na apresentação do projecto, considerando que o processo participativo em torno da avenida foi um dos principais factores a eliminar tensões. Após a análise de "mais de 2500" contributos dos cidadãos – "foi o projecto mais participado de sempre", segundo Moedas –, que exigiram mais árvores, espaço verde e pedonal, uma ciclovia mais segura e a melhoria do fluxo automóvel, surge a proposta de uma "nova Almirante Reis".
Do Martim Moniz à Praça do Chile
O primeiro troço da Avenida, entre o Martim Moniz e a Praça do Chile, passa a ter três vias (em vez das duas actuais), duas das quais ascendentes. "Queremos tirar os carros da cidade", explica Carlos Moedas. Para as bicicletas, até à Praça do Chile, prevêem-se duas ciclovias (de acordo com os sentidos do trânsito motorizado). Em grande parte deste eixo, a segurança é promovida pela criação de um separador arborizado (onde também se incluem, em alguns pontos, lugares de estacionamento) entre as vias automóveis e as cicláveis.
"A solução da via lateral é que a garante maior segurança, até por causa dos riscos associados aos cruzamentos", explicou aos jornalistas a vereador do Urbanismo, Joana Almeida, à margem da apresentação. A par disso, "todas as normas estão cumpridas", assegura a responsável, referindo-se a aspectos como a largura das ciclovias.
Cria-se, ainda, uma via exclusiva para autocarros, do lado ascendente, a mesma onde circula o eléctrico, numa tentativa de melhorar a organização do fluxo viário. Em diferentes troços, o plano também inclui a substituição do pavimento em asfalto por blocos de granito, aumentando-se a porosidade do solo.
Do Chile ao Areeiro
Entre a Praça do Chile e a Alameda, a grande mudança acontece na ciclovia, que passa a encaixar-se apenas do lado ascendente da Almirante Reis, tomando o formato bidireccional.
Para os automóveis, mantém-se o plano das três vias, com o esquema a alterar-se entre a Alameda e o Areeiro, onde os carros ganham quatro vias (com a inclusão de espaço exclusivo para transportes públicos no sentido descendente (para o Martim Moniz). Surge, ainda, uma nova ciclovia, prolongando-se a opção pela bidirecção (e mantendo-se a ligação actual em direcção à Praça de Londres).
Árvores, parques de estacionamento e GIRA
"Temos agora 295 árvores ao longo de todo o eixo e vamos ter 370", aponta Joana Almeida, concretizando o compromisso do plano em termos de implantação verde. No lugar dos 20 arbustos actuais, a avenida terá 1830 e a área de canteiros deve aumentar 700%, de acordo com os números apresentados pelo executivo de Carlos Moedas. Juntando isto à substituição do pavimento, prevê-se uma redução em 46% da área betuminosa e mais 50% de sombra nos passeios, numa opção de combate às ilhas de calor na cidade.
Como "as pessoas têm carros e eles não vão desaparecer de um dia para o outro", nas palavras do presidente da CML, o automóvel manterá (e até ganhará) o seu lugar na cidade. O que acontece, na prática, é que saem 170 lugares de estacionamento à superfície, para ganhar espaço, e constroem-se parques de estacionamento subterrâneos, destinados a portadores de dístico de residente e com 200 lugares (recorde-se que Carlos Moedas, enquanto candidato à autarquia lisboeta, defendia um silo automóvel em cada freguesia). As localizações não foram, no entanto, avançadas, já que "as soluções estão em estudo", explicou Joana Almeida aos jornalistas. "Mas os parques estão assegurados", frisou.
A par do estacionamento para automóveis, estão também nos planos dez parques para bicicletas – "uma reivindicação clara dos cidadãos" –, tal como a integração de sete estações GIRA ao longo do eixo da Almirante Reis.
Novo plano de mobilidade
Ainda na mesma sessão, o vice-presidente da CML, Filipe Anacoreta Correia, que tem o pelouro da Mobilidade, revelou que será apresentado no próximo ano um novo plano de mobilidade para as zonas da Baixa e Chiado. "Vamos ter a oportunidade de ver como tudo isto [o projecto da Almirante Reis e as alterações previstas para o Martim Moniz, quanto à mobilidade] se liga com o novo plano, que vem complementar este puzzle", referiu o autarca.
Recorde-se que, recentemente, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior apresentou uma proposta para uma Baixa com menos tráfego automóvel e mais centrada na mobilidade pedonal e suave. O objectivo principal foi "pressionar" a Câmara, que deixou cair o plano ZER (Zona de Emissões Reduzidas) de Fernando Medina, a avançar com uma mudança para esta zona da cidade, onde o trânsito deixou de fluir.
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