[title]
Os destinos destas duas marcas portuguesas cruzaram-se aqui mesmo, em Campo de Ourique – muito embora nenhuma delas seja alfacinha. Katia Coelho, fundadora da Casa Bohemia, comprou as primeiras peças San Pi numa pequena loja do bairro, há três anos. A ideia de usar estas cerâmicas para colocar as velas perfumadas feitas no Algarve levou-a até Inês São Pedro, a ceramista. No último Verão, lançaram finalmente a última colaboração.
"É um verdadeiro casamento feliz", exclama Inês, ao mesmo tempo que abre as portas da recém-inaugurada loja, um espaço ocupado pela San Pi e pela Casa Bohemia, mas onde, todos os meses, outras marcas portuguesas vão assentar arraiais. A primeira é a Coolet de Catarina Macedo Ferreira, até 22 de Novembro.
Mas até lá, há muitas compras pela frente. A nova loja foi praticamente toda feita à mão – das estantes em pinho, cortadas e montadas no local, aos 200 cubos de cimento, trazidos um a um. Para a San Pi, vir para Lisboa era uma vontade antiga. No ano passado, a marca abriu a primeira loja no Monte-Estoril, mas já com os clientes a pedirem um segundo poiso na cidade. Já a Casa Bohemia, actualmente com parte da produção ainda em São Brás de Alportel, precisava de uma montra que completasse os diferentes espaços multimarca que a representam na capital.
Aqui, encontramos todos os produtos, a começar pelas velas. São 22 aromas, praticamente todos formulados a partir de ingredientes da terra, nomeadamente o azeite, produzido num lagar que foi outrora a casa de um bisavô de Katia. Não muito longe daí, a Casa Bohemia está a reabilitar uma residência de família para transformá-la num atelier aberto. As novidades não ficam por aqui – visitar a nova loja de Campo de Ourique é conhecer, em primeira mão, os novos produtos da marca, entre eles champô e amaciador sólidos e gel de banho.
"Temos o mesmo gosto. São duas marcas a partilhar o espaço, mas podia ser apenas uma", sublinha Katia. A harmonia parece ser imperturbável, mesmo com a San Pi a apostar em novas peças em pedra, como é o caso das duas pequenas mesas de apoio que estão nas montras. Usa fragmentos que de outra forma não teriam aproveitamento para criar peças escultóricas, porém funcionais. A estas juntam-se os talheres de madeira – "feitos à mão por um senhor que é pescador, da costa Vicentina" –, os têxteis da Bicla e as peças decorativas de Caetano de Oliveira.
Inês faz as honras do resto do espaço, bem maior do que aparenta à primeira vista. Depois de passarmos por um escritório, chegamos a uma pequena cozinha e à futura sala de reuniões, banhada pela luz que entra pelas traseiras do prédio. Os planos são ambiciosos – a fundadora da San Pi fala em convidar chefs e programar almoços e jantares temáticos, fora os workshops de cerâmica, verdadeiros clássicos da casa. Metros quadrados não faltam – só o pátio a céu aberto (onde crescem um limoeiro, uma romãzeira e um abacateiro) tem 80. Prepará-lo para receber eventos é a próxima fase da empreitada.
Do lado da loja pop-up, já se antecipam as novidades que se seguem. Até 24 de Dezembro, o "outro lado" fica ocupado por um pacote generoso de dez etiquetas nacionais (amigas das anfitriãs), mesmo a tempo do Natal.
Rua de Campo de Ourique, 18. Seg-Sex 10.00-19.00, Sáb 10.00-13.00
+ A partir desta quinta-feira, a Joalharia do Carmo só vende filigrana portuguesa
+ Aos 81 anos, Ana Salazar tem um novo perfume (e é uma edição limitada)