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O SeixalJazz é um incentivo a que se atravesse o rio e se descubram outras facetas do jazz. Apresentamos-lhe a programação da primeira semana.
Quando se fizer uma história da bateria jazz do século XXI, o americano Mark Guiliana será um dos nomes de menção obrigatória. Guiliana soma o conhecimento aprofundado da velha escola do jazz com a experimentação em torno de break beats e outros ritmos da música electrónica actual. A segunda faceta está patente no projecto Beat Music, com os sintetizadores de Jeff Babko e o baixo eléctrico de Tim Lefebvre, no trio Heernt, no duo Mehliana, com Brad Mehldau nos teclados, ou no projecto High Risk, de Dave Douglas. Guiliana sente-se igualmente como um peixe na água do jazz de alta energia dos Phronesis e de Avishai Cohen – ouçam-se as duas obras-primas que são Alive (2010) e Gently Disturbed (2008). E tem sido peça indispensável no quinteto de Donny McCaslin, que David Bowie recrutou para o seu derradeiro álbum, Blackstar (2016) – Guiliana é o principal motivo de interesse deste sobrevalorizado disco (eis uma asserção que indignará certamente os fãs de Bowie). Ao Seixal, porém, o baterista traz jazz mais ortodoxo – o do seu álbum mais recente, Jersey (2017), que gravou com Jason Rigby (sax), Fabian Almazan (piano) e Chris Morrissey (contrabaixo), a mesma equipa que se apresenta na sexta-feira.
O projecto Transporte Colectivo (sábado) também é obra de um baterista: José Salgueiro apresenta-se à frente de um quinteto com Guto Lucena (sax, clarinete), Mário Delgado (guitarra), João Paulo Esteves da Silva (piano) e Cícero Lee (contrabaixo), os músicos que gravaram o álbum homónimo de 2017, recheado de jazz vivo e colorido pela variada experiência musical do seu líder, que fez parte dos Trovante e Cal Viva, tem tocado com Vitorino, Janita Salomé e José Peixoto e é membro fundador dos Tim Tim Por Tim Tum e Lokomotiv.
O pianista americano Aaron Parks (domingo) estreou-se como líder em 1999, com Promise, mas levou algum tempo até encontrar verdadeiramente o seu caminho, o que aconteceu no álbum Find the Way (2017), que se afasta do jazz mainstream e inflecte para o território da serenidade e depuração. Find the Way, o seu segundo álbum na ECM (após Arborescence, em piano solo), contou com Ben Street (contrabaixo) e o veterano Billy Hart (bateria), que o acompanham nesta tournée. Antevê-se uma noite de lirismo diáfano, imponderabilidade onírica, ondulações preguiçosas e um deslizar majestoso. No SeixalJazz Clube, às 23.00, há programação complementar, com o duo Mano a Mano, ou seja, os guitarristas Bruno e André Santos (quinta-feira), e o quarteto do saxofonista Desidério Lázaro, com João Firmino, António Quintino e Joel Silva (sexta-feira e sábado).
Fórum Municipal do Seixal. Sex 18-Sáb 27, 22.00, 12€.
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