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A engenharia de um soutien é um assunto bastante sério. Sustentação, conforto e imagem são, necessariamente, os factores a ter em conta, embora para Luísa Azadinho e Joana Mesquita, duas jovens vimaranenses a viver em Lisboa, fazer deste essencial do guarda-roupa feminino um produto inteiramente português tenha feito parte do rol de prioridades.
“Partilhávamos esta paixão em comum, mesmo quando ainda nem tínhamos idade para usar. Sempre comprámos lingerie juntas, da mesma forma que sempre oferecemos uma à outra. Acho realmente que ela tem a capacidade de alterar o estado de espírito de uma mulher”, explica Luísa que, à semelhança da prima, é uma jovem estudante de Engenharia e Gestão Industrial.
Ao gosto adquirido somaram a valorização de uma peça quase sempre remetida à intimidade, capaz de enfolar a auto-estima e fazer qualquer uma sair à rua com a confiança reforçada. “Acreditamos genuinamente que esta peça pode ter impacto na relação que uma mulher constrói com o próprio corpo. Só nós ou quem tem intimidade connosco é que sabe o que temos vestido”, continua.
Dois confinamentos sucessivos fizeram a ideia fermentar e no último mês a ideia de Luísa e Joana materializou-se na Hiss, uma marca de lingerie com três modelos de soutien e cuecas, disponíveis em três cores — preto, branco e cor-de-rosa — e que podem ser combinados em separado. “A marca tinha de ser 100% portuguesa e foi uma longa busca. A renda é produzida em Espinho, a confecção e o packaging são em Guimarães”.
O material de que são feitas as peças é, segunda as jovens empreendedoras, o segredo do negócio. Mais elástica do que o poliéster, de toque suave e com rápida absorção do suor, a poliamida adapta-se mais facilmente a todo o tipo de corpos. A marca, que também se rege por valores de inclusão, consegue assim chegar a mais mulheres, embora a tabela de tamanhos vá apenas do XS ao L. “O conforto era muito importante para nós, sobretudo porque estamos a sair de um período em que muitas mulheres até deixaram de usar soutien”, refere Luísa, de 20 anos. Sem copas nem aros, o reforço dos elásticos na barra de cada modelo garante, segundo as fundadoras, uma “boa sustentação” do peito.
Chegaram aqui sozinhas, guiadas pelas notas e comentários de mães, primas e amigas. “Ficámos surpreendidas ao perceber que há muita produção deste tipo de peças em Portugal, para Espanha, Itália e até para a Alemanha”. Com preços entre os 24,95€ e os 41,95€, a loja online é, por enquanto, o único ponto de venda da marca. Luísa e Joana querem começar por dar a conhecer a marca nos pequenos mercados da especialidade. Para Janeiro, prometem já uma segunda colecção cápsula. A lingerie continuará a ser o foco da Hiss, embora a dupla não ponha de parte a possibilidade de explorar outros recantos do guarda-roupa, mas sempre nas secções da roupa interior e de dormir e do loungewear.
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