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Se há coisa que podemos esperar no Mezze, o restaurante de cozinha do Médio Oriente, no Mercado de Arroios, são mesas fartas, coloridas e pratos cheios de sabor. A nova carta veranil, estreada recentemente, não é excepção. “Neste menu temos coisas bastante frescas”, comenta Francisca Gorjão Henriques, presidente da Pão a Pão – Associação para a Integração de Refugiados do Médio Oriente, que há seis anos fez nascer o projecto que hoje emprega 16 pessoas.
Às 13.00, o restaurante já está bem composto e às mesas vão chegando os favoritos da casa: as espetadas de carne de borrego e vaca ou frango. “As espetadas nunca saem da carta”, garante Francisca Gorjão Henriques. O mesmo se pode dizer do kibbeh (3,75€), um bolinho frito de carne de vaca, bulgur e nozes (também em versão vegan, com lentilhas com pickle de cebola e sumac) e do clássico falafel (3,75€). O khubz (0,75€), o pão sírio preparado à vista de todos numa sala com janela para a rua, é outra coisa que não pode faltar para acompanhar todos os pratos da carta ou dos mezze – os menus (13,50€-18.50€) de partilha à disposição.
Às iguarias mais populares juntam-se agora novas receitas com iogurte, muitos pratos com vegetais e muitas saladas – uma cortesia de Shiraz, uma das cozinheiras do Mezze. O chef Luís Baena, referência para muitos chefs, entre os quais Marlene Vieira, também deu uma ajuda. “Há cerca de 25/30 anos que dou apoio a causas sociais, como é o caso do Mezze, e a causas ambientais”, conta Baena, que em 45 anos de carreira trabalhou e viveu em 42 países. “Os pratos vieram da Shiraz, foi ela que sugeriu, mas o chef acompanhou-nos na construção do menu. Andou pelo mundo todo, era a pessoa indicada”, justifica Francisca.
Aos sabores originais, o que Luís Baena fez foi “tirar partido da sazonalidade”, “aprimorar técnicas”, e fazer a selecção dos mezze. “Como restaurante tenho de estar preparado para que entrem 10 ou 80 pessoas sem saber a que horas vão chegar. Daí dizer que a técnica é muito importante. Não é técnica para fazer aquelas coisas bonitinhas, tem a ver com a forma de corte, por exemplo”, elabora o chef. Mas mais: “A cozinha viaja um pouco pelo mundo e quando falamos da região da bacia do Mediterrâneo, quer seja na Zona Norte, na Zona Sul, vemos que há coisas que foram apanhadas da Grécia, por exemplo. Depois, dentro da bacia Norte do Mediterrâneo, aqueles países da Síria e por aí fora, também têm coisas que são comuns ao Estado de Israel ou vice-versa”, explica Luís Baena, que utilizou este conhecimento para aprimorar o menu original.
Quem visitar agora o Mezze vai encontrar, então, pratos como o shorbet tamatem (3,50€), uma sopa fria de tomate com za'atar (uma especiaria) e pão árabe frito. “Se pensarmos bem no receituário português, há uma sopa no Algarve muito parecida com o gaspacho alentejano que é o arjamolho. Os árabes, os muçulmanos sobretudo da região entre Tânger e Ceuta, que eram as nossas possessões, trouxeram isso para cá, como trouxeram uma série de outras coisas”, exemplifica.
Antes disso, vale a pena pedir o couvert de labneh & zeytouna (3€), bolinhas de iogurte seco com especiarias, acompanhados de azeitonas e pão árabe frito, outra das novas entradas na carta. O frikeeh (10€), uma receita com trigo verde partido com ervilhas, beringela e frutos secos e o kabdet al-dajaj (11,50€), fígados de frango salteados com pimento encarnado e molho de limão e alho, servido com bolinhos de lentilhas, também. Nas opções mais frescas está o foul moukalla (10€), umas favas com raspa de laranja, molho de iogurte com tahini e pão frito; o baba ganoush (5€) feito de pasta de beringela assada e tomate com melaço de romã e nozes; o moutabbal koossa (4€) que é uma pasta de courgete com tahini (parecido com hummus); ou o tabbouleh (4€), uma salada de salsa picada, bulgur e tomate. Tudo isto para acompanhar com um sumo de tamarindo natural.
Rua Ângela Pinto 40D 22/23 (Arroios). Ter-Sáb 12.30-15.00, 19.00-22.30
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