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O britânico Keith Chapman parece ter o toque de Midas. Nem todas as séries saídas da sua mente criativa foram um sucesso internacional, mas há dois títulos que têm lugar de destaque na história da animação para televisão: Bob, o Construtor e Patrulha Pata. E a mais recente aposta de Chapman sonha com altos voos: Jonny Jetboy, que acompanha o caçula de uma família de super-heróis, estreia-se a 8 de Fevereiro no Canal Panda e vai ser emitida aos sábados e domingos, pelas 20.30.
Jonny Jones é o membro mais novo de uma família que tem um grande segredo: são os super-heróis da JetFleet e juntos perseguem os vilões de Calamity Canyon. Com os pais e a irmã mais velha, Jonny terá de aprender o que é preciso para ser um verdadeiro super-herói, mas ainda terá pela frente muitos anos de prática para conseguir dominar o ofício, neste caso, de família. Destinada a crianças entre os quatro e os sete anos, Jonny Jetboy é uma produção que juntou a China e o Canadá em torno das ideias de Chapman e arranca com uma primeira temporada de 20 pequenos episódios, cada um com cerca de 11 minutos.
“Gosto da ideia de uma série pré-escolar, como um Top Gun para crianças pequenas. Imagino o Jonny como um jovem Tom Cruise, mas, ao mesmo tempo, é uma espécie de série familiar”. Numa conversa por telefone, Keith Chapman revela à Time Out quais foram os pontos de partida da sua mais recente criação, mas como as ideias encontram terreno fértil na cabeça do criador britânico, a inspiração para Jonny Jetboy também passou por um clássico da televisão: Thunderbirds. “Foi muito popular no Reino Unido nos anos 1960. O Gerry Anderson era um visionário incrível. Criou estas marionetas bastante grandes, que no início estavam suspensas por fios, como verdadeiras marionetas de teatro. Foi algo extraordinário para um miúdo, imaginar aquelas aventuras com naves e veículos incríveis que foram criados para a série. Sempre quis fazer um programa com esse tipo de ambiente”, conta.
Sobre o enredo da nova série de animação, Chapman destaca temas como “a rivalidade entre irmãos e as dinâmicas familiares”. O pequeno herói vai quebrando algumas regras, seguindo um instinto rebelde que por vezes irrita a irmã e preocupa os pais. “Acho que é uma personagem que os miúdos vão achar cativante e adorável. Vão identificar-se com ele porque, sejamos honestos, as crianças não são perfeitas. Estão sempre a portar-se mal, a quebrar regras, e precisam de aprender ao longo do caminho. Portanto, é uma espécie de reflexo da vida real.”
A ideia para Jonny Jetboy foi abraçada pelo estúdio canadiano WildBrain (que, por exemplo, detém os direitos de Snoopy desde 2017), que não só aceitou desenvolver o projecto, como arranjou outro parceiro de produção na China: a plataforma de streaming IQIYI, onde a série se estreou no final do ano passado. “Foi a minha primeira co-produção chinesa e, na verdade, a animação também foi feita na China pela Winsing, o que foi outra novidade, e o resultado ficou óptimo”, elogia o criador.
Ainda é cedo para saber se Jonny Jetboy terá pernas para andar para outras temporadas. Primeiro é preciso que “as crianças falem dela e, acima de tudo, é fundamental ter brinquedos nas prateleiras para que possam continuar a sua ligação com as personagens para além da TV”. Isto sem contar com outro ingrediente de peso: “Pó mágico intangível que permite a algumas séries ganharem vida própria e tornarem-se fenómenos globais”, porque, defende, “construir uma marca exige um pouco de sorte”. Por exemplo, a série de animação Roary, o Carro de Corrida (2007-2010), acabou por ser abafada pelos filmes Cars, da Walt Disney, “o que foi uma pena”, lamenta.
“Quero que os meus projectos se tornem grandes marcas globais”
Entre talento e, pelos vistos, pós mágicos, Keith Chapman é o responsável por fenómenos global, com especial expressão em Patrulha Pata, ainda no ar, que já conta 11 temporadas e duas longas-metragens de animação (e ainda outra a estrear no próximo ano) e O Bob, o Construtor (1999-2011; 2015-2018), um universo que será resgatado num novo filme de animação da Mattel, depois de Barbie – a marca de brinquedos em 2011 a HIT Entertainment, produtora de Bob. O filme está a ser desenvolvido pela Nuyorican Productions, produtora co-fundada por Jennifer Lopez.
E Chapman não é homem para se contentar com pouco. “Quero que os meus projectos se tornem grandes marcas globais, penso sempre dessa forma. Não me interessa simplesmente criar uma série só porque pode ir para a televisão e depois desaparecer após uma única temporada, isso não me interessa. O que me interessa é uma grande ideia que possa tornar-se famosa globalmente, isso é o que me motiva – tentar desvendar esse desafio.” E confessa que diariamente tem ideias para novas séries e muitos projectos em andamento, não só para o público pré-escolar, mas também “animações mais voltadas para um público adulto”. “Gostava de provar que consigo trabalhar e conquistar outros grupos etários. Mas adoro o universo pré-escolar e, neste momento, tenho várias séries desse género muito perto de receber o sinal verde. Só estamos à espera da aprovação final.”
Canal Panda. Sáb-Dom. 20.30. Estreia a 8 de Fevereiro
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