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O nome pode dar azo a brincadeiras e trocadilhos, e quem sabe até sugerir o que não é, mas no que toca a peixe o Sexy Sea quer ser levado a sério. Sexy é o mar de onde chegam os peixes que compõem a montra deste restaurante. Abriu nas costas da Avenida da Liberdade, pelas mãos de Abel Moura e Cunha, o mesmo chef que deu cartas no Rabo d'Pêxe, nas Avenidas Novas, e que foi formado pelos chefs Paulo Morais e Anna Lins.
O princípio deste Sexy Sea não se distancia, na verdade, daquele que deu fama ao Rabo d’Pêxe, e que desde a pandemia não voltou a abrir portas. O peixe pode ser escolhido na banca, qual mercado, e é o cliente que decide como o vai comer. Metade pode ser transformado em sushi, outra metade pode ser grelhada, enquanto a cabeça pode dar uma bela sopa.
“Podemos fazer tudo e mais alguma coisa com o peixe e por isso quisemos dar um nome arrojado, que não fosse vulgar, mas que jogasse um bocadinho com o que fazemos aqui, que é brincar com o peixe”, diz o chef, para quem o Sexy Sea, apesar do conceito idêntico ao restaurante das Avenidas Novas onde esteve, é “mais trendy, com maior sofisticação, ambiente e conforto para os clientes”.
O requinte sente-se, aliás, logo à entrada, quando cruzamos a porta majestosa. Lá dentro, o pé-direito alto e o balcão de mármore destacam-se numa sala elegante e de luz morna, onde salta à vista um grande peixe suspenso, Óscar de seu nome, obra do artista João Jesus. Robalos, douradas, rascassos, ruivos, encharéus, salongos ou bocas negras estão em exposição. Ao fundo, fica a mezzanine com espaço para dúzia de mesas. Longe da vista, no piso inferior, há uma sala privada para jantares de grupo, com uma obra de Mário Belém a dar um toque de cor e irreverência.
Mas, se à primeira vista, o balcão pode parecer uma barra japonesa, Abel Moura e Cunha não se quer focar apenas aí, garantindo que o Sexy Sea é muito mais do isso. E resume: “Somos um restaurante de peixe”. Seja ele servido da forma que for. “Conseguimos dar um palco ao peixe, não estando agregado a nenhuma gastronomia particular”, aponta.
“É interessante porque estamos a rentabilizar o peixe ao máximo, não é uma coisa estanque, pode ir variando consoante aquilo que o cliente quer”, explica o chef, que já serviu exemplares inteiros em sashimi, “mas também peixe frito e uma sopa de cabeça”. “O cliente paga um valor por aquele peixe, mas está a comê-lo de várias formas e a experiência que tem é a de ter dois ou três momentos do mesmo peixe e isso incrementa valor à refeição”, continua, deixando claro que os complementos como o arroz do sushi ou a guarnição como as batatas e os legumes estão incluídos nos valor do peixe. “Acaba por ser uma experiência.”
Abrir na zona da Avenida da Liberdade, “é um desafio”, garante Abel. “Uma coisa é conhecermos uma zona da cidade, [no caso] as Avenidas Novas. Aqui é o desafio de perceber que estamos a um/dois quilómetros e as rotinas são diferentes. Mas quisemos trazer a uma zona nobre, associada por bons restaurantes e boas lojas, algo que queremos que seja inovador.”
Para além do ex-líbris, que é o peixe da montra ao quilo, o chef sugere que aposte, sem medos, noutros pratos, como a massa fria udon (16€), com coentros, cebola, peixe do dia, soja, manga e sorbet de yuzu, o bacalhau com migas e couve (18€), ou os combinados de sushi (15€-50€). As entradas também são tentadoras, do bao de caranguejo de casca mole (14€), ao pica-pau de atum (12€) ou às vieiras coradas (14€).
Apesar do foco estar no peixe, há boas opções de carne, sendo a estrela o wagyu japonês (80€), 250 gramas, na grelha, com batata frita, mas também opções mais em conta como o magret de pato com castanha, packchoy e molho hoisin (17€).
Segundo Abel Moura e Cunha, cada ida ao Sexy Sea pode ser diferente e ter um peso diferente na carteira. “O custo é médio/alto pela simples razão do preço do peixe, que é mais caro que a carne, mas nada impede um cliente de gastar 15€.” E aponta os pregos, de espadarte (13€), de atum (13€) ou de novilho (13€), como uma escolha acertada para refeições rápidas e eficazes. Para acompanhar, a carta de cocktails é tão completa quanto a oferta de vinhos.
Já para jantares privados, não há um menu fechado, sendo tudo planeado à medida, tal como se faz com o peixe. “Queremos criar um ambiente quase de casa por isso trabalhar à carta é complicado”, conta o chef, que há muito tempo se aventurou também como chef privado ao domicílio. “Conseguimos fidelizar mais facilmente o cliente porque vamos à intimidade, à casa do cliente, à cozinha do cliente e essa é uma componente que queremos explorar cada vez mais”, explica. “A sala privada não tem nada a ver com o ambiente do restaurante. A música pode ser diferente, os pratos podem ser diferentes. É quase uma experiência dentro do restaurante.”
Rua Rodrigues Sampaio 29 (Avenida). 91 370 0696. Seg-Dom 12.00-15.00 e 19.00-23.00.
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