Notícias

‘Siga a Banda!’: sucesso de público e de crítica em França chega a Portugal

O filme de Emmanuel Courcol conta a história de dois irmãos, um maestro em Paris, o outro músico amador na província, separados quando eram pequenos, e que se conhecem dramática e inesperadamente.

Escrito por
Eurico de Barros
Siga a Banda!
DR
Publicidade

Em 2017, o actor e realizador francês Emmanuel Courcol (Um Triunfo) tinha trabalhado numa curta-metragem documental chamada Des confettis sur le béton, sobre uma banda filarmónica e o seu grupo de majoretes de uma vila do norte de França, que o deixou com vontade de fazer um filme sobre um daqueles agrupamentos musicais populares. Esse filme é Siga a Banda!, que foi um dos sucessos de bilheteira do cinema francês de 2024, com 2,5 milhões de entradas, tendo também – coisa rara – sido elogiado por toda a crítica, e obtido sete nomeações para os Césares (embora não tenha ganhado nenhum). A antestreia deu-se no Festival de Cannes.

Thibaut Desormeaux (Benjamin Lavernhe) é um famoso maestro que desmaia durante um ensaio de orquestra em Paris. É-lhe diagnosticada uma leucemia e dito que precisa de um transplante de medula óssea, e a irmã faz logo um teste de ADN para ver se é uma dadora compatível. É aí que Thibaut descobre que é adoptado, porque não têm o mesmo ADN dela. A mãe revela-lhe então que ele tem um irmão, que ela e o marido não puderam adoptar na altura, porque entretanto tinha ficado grávida, inesperadamente, da irmã, e que por sua vez acabou também por ser adoptado. E ele vive ainda na vila onde ambos nasceram, no norte de França, numa zona mineira, e se chama Jimmy Lecocq (Pierre Lottin).

O maestro viaja então para lá, para se dar a conhecer ao irmão e à sua mãe adoptiva, explicar a sua situação e convencê-lo a fazer um exame para saber se é um dador compatível. Lá chegado, Thibaut e Jimmy conhecem-se e aquele descobre que o irmão, que trabalha na cantina da escola local, tem, como ele, o dom da música. Adora jazz, tem uma grande colecção de discos, não só deste género musical, e toca trombone na banda da vila, que se está a preparar para entrar num concurso regional e está a ensaiar aturadamente. E acaba de perder o maestro, que recebeu uma proposta para ir dar formação numa fábrica na Roménia, proposta essa que não vai recusar porque está crivado de dívidas e não pode deixar mal a família. (A fábrica local, grande empregadora da zona, fechou há pouco.)

Thibaut, que percebeu que se Jimmy também tivesse sido levado para Paris pelos seus pais adoptivos, teria tido uma vida privilegiada como a dele, e como ele, de certeza, singrado com muito sucesso no mundo da música, decide tentar compensá-lo, oferecendo os seus préstimos como maestro à banda local, e procurando convencer o irmão de que pode ir muito mais longe como músico do que a tocar naquela. E Thibaut vai ainda saber que tem uma sobrinha pré-adolescente, porque Jimmy foi casado, embora esteja agora divorciado e a menina passe a maior parte do tempo com a mãe. 

História de um encontro de irmãos que desconheciam a existência um do outro, e de um reconhecimento familiar tardio, ao som de música, Siga a Banda! é também a história do encontro entre dois mundos musicais muito diferentes, mas que têm afinidades naturais, a exemplo de Thibaut e Jimmy. Daí que na fita ouçamos Mozart, Verdi, Beethoven ou Ravel, mas também Benny Golson, Lee Morgan, Charles Aznavour e Dalida. Emmanuel Courcol queria que o seu filme tivesse o máximo de autenticidade, por isso, os membros da banda da vila ficcional de Walincourt em que o enredo decorre são quase todos interpretados pelos do respectivo agrupamento da vila de Lallaing, onde Siga a Banda! foi em grande parte rodado. 

Siga a Banda!
DR

Benjamin Lavernhe toca bateria, guitarra e piano, e teve apenas que aprender a dirigir uma orquestra para o filme. Pierre Lottin é um pianista autodidacta e aprendeu a tocar trombone. Sarah Suco, que interpreta a sua amiga (e depois namorada) Sabrina, que também toca na banda, e sabe tocar acordeão, teve, por seu lado, que aprender a tocar trompete, o instrumento da sua personagem. Juntamente com O Conde de Monte-Cristo, de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, já exibido em Portugal, e Um Petit Truc en Plus, de Artus, ainda inédito nas nossas salas, Siga a Banda! é um dos bons exemplos recentes de um cinema de qualidade e de grande público que tem uma longa tradição em França. E que persiste em existir, apesar de também neste país a indústria cinematográfica ter mudado muito em pouco tempo.

🏖️ Já comprou a Time Out Lisboa, com 20 viagens para fazer em 2025?

🏃 O último é um ovo podre: cruze a meta no Facebook, Instagram e Whatsapp

Últimas notícias
    Publicidade