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O nome afinou-se ligeiramente para uma vocação internacional que agora parece ser quase natural no bairro de Alfama. Este ano, o Faz Figura passou a chamar-se oficialmente Portugal Food&Wine by Faz Figura – depois de obras de menos de dois meses, reabriu com uma varanda coberta, dezenas de vinhos a copo para poder brincar às provas de vinhos, e uma carta cheia de pequenos produtores nacionais.
A sala de entrada deixou de ter mesas para se encher de garrafas. A sala de refeições está agora na varanda que foi fechada e continua portanto com vista panorâmica sobre Santa Apolónia, o rio e os cruzeiros; num dos extremos desta sala montou-se um bar onde se bebem licores e gins portugueses e olhando para o tecto ainda se vê um pedaço da cúpula do Panteão.
Na sala de provas em que se transformou a assoalhada da entrada há uma mesa corrida e uns quantos bancos para ir provando e comentando uns copos de vinhos. Na parede em frente à janela rasgada, dispensadores para 48 garrafas portuguesas que funcionam num esquema de self-service: introduz-se numa das máquinas um cartão que se carregou com dinheiro, pega-se numa das prateleiras, e selecciona-se o vinho e a quantidade que se quer, entre 125 ml, 70 ml ou 20 ml (esta última é a quantidade para prova gratuita). Pedro Dias, um dos donos e o cérebro por trás do conceito, da arquitectura, da carta (com a ajuda do cozinheiro John Leon) e da selecção de vinhos, provavelmente andará por ali a dar uma ou duas dicas e a sugerir experiências desafiantes, como provar um Alvarinho da região dos Vinhos Verdes e logo a seguir outro do Alentejo.
Os restantes vinhos da carta – que não estão nos dispensadores e serão à volta de 20 referências – também se vendem a copo através do sistema Coravin, que retira vinho de uma garrafa sem a abrir, através de uma agulha fina. O objectivo, para além de incentivar os copos de vinho à tarde – agora o Faz Figura está aberto entre o almoço e o jantar –, é que a conjugação dos vinhos com os pratos funcione sempre, já que isto facilita o pedido de mais do que um vinho na mesma refeição.
Durante os quase dois meses em que teve o restaurante parado e em obras, Pedro Dias andou num périplo pelo país a conhecer pequenos produtores e produtos que vão entrando na carta quando estão disponíveis – em breve vai poder comer-se papada de porco do Feito no Zambujal, por exemplo, e de vez em quando há uma barriga de atum vinda dos Açores e servida com xerém.
Fixas na carta aparecem agora mais entradas que podem bem pedir-se a meio da tarde para ficar a olhar para o rio. Os secretos de porco não são servidos grelhados mas num estufado de vinho tinto (8,75€), a bacalhauzada (9€) é um sortido de bacalhau em várias formas – num sonho, numa mousse deste peixe dentro de um pimento doce e numa salada de grão –, e a perdiz de escabeche feita com ginjola alentejana, um licor de ginja feito em Cuba, vem servida com uma tomatada de ovos (9€). E se algum dos ingredientes lhe agradou particularmente, pode ser que tenha sorte e o apanhe à venda no balcão-loja de produtos portugueses que o restaurante abriu na varanda.
Rua do Paraíso, 15b (Santa Apolónia). 21 886 8981. Seg 19.30-23.30, Ter-Dom 12.00-23.30.
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