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Ingredientes como anchovas, queijo, ou gordura de pato são comuns na gastronomia, mas quase sempre impensáveis na coquetelaria. Pelo menos até agora. É que no recém-aberto Sneaky Sip, no Príncipe Real, dos mesmos donos do popular Café Klandestino, no Intendente, são eles as estrelas no copo. “No nosso menu só trabalhamos com ingredientes underrated, mais desvalorizados, que as pessoas não pensam tanto ou não gostam tanto. Transformamo-los em bebidas boas”, diz um dos responsáveis, João Resende.
Para os donos do Café Klandestino, o desejo de abrir um novo espaço já era antigo. “Ao início queríamos expandir o negócio com a mesma marca, mas quando estávamos prontos para investir apareceu a Covid-19, então ficou tudo em águas de bacalhau. Entretanto decidimos não seguir o mesmo conceito, mas fazer uma coisa totalmente diferente”, conta. “O speakeasy é sempre giro, chamativo. Nós queremos essa vertente exclusiva, à porta fechada, trabalhar só com reservas”, acrescenta.
Tanto a carta como o espaço são uma abordagem “mais moderna, mais funky” aos speakeasies tradicionais, com os seus típicos espirituosos fortes, peças decorativas vintage e um ambiente clássico e escuro, explica o responsável. Basta, aliás, entrar no bar para perceber isso. Depois de tocarmos à porta (ou marcarmos a password divulgada todos os meses no Instagram), espera-nos uma photobooth onde é possível tirar fotografias. Descendo as escadas até à cave encontramos o bar, com elementos néon, música animada e assento para 50 pessoas, entre as mesas e o balcão. “A decoração somos sempre nós. Somos um bocado autodidatas”, assegura João Resende. Há ainda uma estrutura para os clientes que queiram deixar uma fotografia, mensagem ou recordação.
A descontração tão característica do Café Klandestino mantém-se no Sneaky Sip, mas há muitas diferenças. “No Klandestino estamos no Intendente, numa rua muito multicultural, onde só cheira a especiarias, e este é um bairro mais tranquilo. Lá é um bar de porta aberta para a rua, o cliente pode estar em pé, aqui só trabalhamos com lugares sentados. Lá não aceitamos reservas, aqui queremos trabalhar mais com reservas”, enumera João Resende. O menu também é bastante diferente. “Lá mudamos constantemente e aqui queremos trabalhar, para já, com esta vertente daquilo que as pessoas não gostam tanto ou que têm receio em provar. Lá servimos cerveja e vinho, aqui é só cocktails, gins tónicos e clássicos”, continua.
Na carta do speakeasy encontram-se, então, criações como o Guava & balsamic (11€), um cocktail inspirado num gelado caseiro. A base é de vodka, leva vermute branco e seco, um xarope com amêndoas tostadas, goiaba, toranja e queijo mascarpone e por cima umas pepitas coloridas, bolacha e queijo queimado. Já o Duck fat (11€), é um cocktail interactivo finalizado pelo cliente, na mesa. A receita é composta por whiskey que é cozinhado com a gordura do pato, conhaque com pimenta preta e pimenta de Sichuan, vinho e um aromatizante. O cocktail é concluído com uma espetada de presunto de pato flamejada.
Tudo isto para acompanhar com um dos snacks na carta. “Achamos sempre que um bar tem de ter uma ou duas coisas para picar”, diz o responsável. O Dirty prego (8€), um prego de pato confitado em bolo do caco, é uma das opções.
Em breve querem ter programação musical com DJ e não fecham a porta a novas aberturas. “A ideia é sempre abrir mais, mas com calma”, remata.
Rua Gustavo de Matos Sequeira, 42 A (Príncipe Real). Ter-Sáb 18.00-02.00
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