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Fomos conhecer o novo bar da cidade onde também se petisca. Fica na Rua da Boavista, entre Santos e o Cais do Sodré.
Este artigo esteve para não acontecer. Mikas, fundador de espaços míticos da noite alfacinha como o Bicaense ou o Clube Ferroviário, estava “renitente” em falar connosco, diz o próprio. “Ando um bocado renitente em comunicar e em falar sobre os espaços porque acho que as pessoas estão a perder a curiosidade de procurar os sítios. Com as redes sociais é tudo tão fácil hoje em dia”, desabafa. “Estão a ficar preguiçosas.” De tal maneira que no início pensou fechar a porta principal do bar que acaba de abrir na Rua da Boavista, entre Santos e o Cais do Sodré, e usar apenas uma porta de entrada de lado, escondida no Pátio da Galega, para que os clientes pudessem ter o prazer de “descobrir” o bar por acaso, coisa rara nos dias que correm.
A porta principal ainda não está fechada, até porque, por enquanto, esta é uma zona onde ainda não há grande movimento – a não ser de passagem. Aliás, foi quando passava de mota em direcção ao seu bar antigo, A Tabacaria, na Rua de São Paulo, que descobriu o agora Social B. “[O espaço] foi um armazém de tabaco, foi uma tasca- -restaurante chamada Alentejo e parece que antes este edifício todo era um bordel”, conta.
Numa era em que tudo tem um conceito, a ideia de Mikas é “criar um não-conceito”. Mas o que significa ao certo um bar sem conceito? Por exemplo, que não há carta de cocktails. “Fazemos o cocktail à medida da pessoa, consoante as bebidas que gosta”, explica.
Aqui, lista só de petiscos, preparados por Zola, cozinheira de São Tomé que trabalha com o empresário há cinco anos. Entre os pratos mais populares estão o camarão picante com banana-pão (9,5€) ou as lulinhas picantes com mandioca (8,5€). A ideia é que no futuro o Social B também abra à hora de almoço, com outro menu.
Por enquanto, e a partir das cinco da tarde, é um bom sítio para ir com os amigos depois do trabalho (há uma mezzanine ideal para grupos) beber um copo, picar e ouvir música – a banda sonora é sempre uma das preocupações de Mikas, que continua a organizar as matinées Soul Train no Time Out Market.
Quanto ao nome do bar, Social B, lê-se à portuguesa e “o B funciona para o que as pessoas quiserem”, continua Mikas. “Boavista, bom, bonito… Quando crio os meus espaços, crio como se fossem a minha sala de estar, quase como a continuação da minha casa, um misto de casa, bar, restaurante e sei lá o quê…”
Além do vizinho bar House of Corto Maltese, na porta ao lado, não há grande movida nas redondezas e a zona é heterogénea, com armazéns, uma loja de móveis e o famoso restaurante mexicano Pistola Y Corazón. “A maior parte dos meus espaços são fora do circuito, é um hábito que tenho”, descreve. “O único espaço em que fui para dentro do circuito foi com a Velha Senhora [no Cais do Sodré]. Era para ser uma coisa e depois tornou-se num turbilhão de coisas – e eu não quero uma coisa fácil.”
Social B, Rua da Boavista, 116 (Cais do Sodré). Seg-Dom 17.00-02.00. 21 347 0405