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Já reparou na quantidade de restaurantes de hotel que, nos últimos meses, se tornaram dos mais apetecíveis da cidade? A tendência está aí e traz mais um para juntar ao roteiro. Escondido numa pequena travessa, a dois passos da Avenida da Liberdade, o Animal é um dos trunfos do Hotel Hotel – acessível através de uma entrada ampla e que permite passar ao longe da recepção do próprio hotel, um ambiente sóbrio e confortável que desemboca num pátio com esplanada, piscina e vegetação luxuriante. Acredita em oásis escondidos no meio da cidade? É que acabámos de descobrir um.
Desde o dia 8 de Julho que é possível entrar e sentar-se numa das mesas. Antes sequer de abrir a ementa, é o espaço a ditar as primeiras impressões – sofás confortáveis, néons dignos de Instagram, lugar para 80 pessoas e uma inspiração tropical que invade o interior da sala. Não há como evitar – os olhos pendem para o lado de fora, um pátio nas traseiras do hotel, onde uma piscina e um deck com espreguiçadeiras servem os hóspedes do hotel e há um jardim vertical (dos suecos Vertical Garden Design) que, entretanto, já ganhou vida própria.
Mas foquemo-nos no que mais interessa. Se o balcão de sushi logo à entrada, o bar bem apetrechado e a janela para a cozinha nos sugeriam, logo à entrada, uma multiplicidade de confecções, a carta do Animal não deixa dúvidas – as opções vão das refeições ligeiras e plant based à carne maturada. Pelo meio, um piscar de olho às cozinhas do mundo que inclui Japão, Itália e Peru. Um menu com assinatura de Carlos Soares, o homem que deixou o restaurante de praia do Vila Joya, em Albufeira, para rumar a Lisboa e construir um menu do mais eclético que há.
O Caribbean Pineapple (12€) é o primeiro a chegar à mesa – um cocktail feito com rum, puré de abacaxi, hotelã e clara de ovo e uma das seis misturas de assinatura que Bruno Brito preparou para acompanhar a carta (há também uma proposta à base de saké e líchia para ajudar o sushi a escorregar melhor). Nem de propósito, chega-nos uma amostra do sashimi da casa (18€). Atum, salmão, goraz, lírio, corvina e sardinha – o peixe da costa portuguesa (da Ericeira ao Algarve) é preparado pelo japonês Saito Kosuke, há cinco anos a viver e a trabalhar em Portugal.
Mas o menu tem mais para explorar e embora o nome do restaurante sugira uma degustação de proteínas animais, as opções vegetarianas abundam. A começar pela burrata servida com uma dose tripla de beterraba, que se apresenta com diferentes texturas (16€) – até pode parecer uma sobremesa, mas é na realidade uma das entradas sugeridas pelo chef. A ênfase continua no vegetal, com uma dose de cuscuz com brócolos, espargos e lima (16€), a preparar caminho para voltar ao peixe, com um ceviche de lírio dos Açores, com maracujá, pepino e tomate (20€).
Daqui em diante, os pratos de carne são escolhidos em função do apetite. Há bife tártaro (24€), pato confitado com groselha e massa chitarra (26€) e lombinho de porco preto acompanhado de jalapeños e pico de galo (30€). Se a coquetelaria enjoar, tem sempre a garrafeira de serviço, exclusivamente nacional e de produção biológica.
Na cozinha, onde trabalham 12 pessoas actualmente, as sobremesas estão a cargo da chef pasteleira Kozue Morimoto. Aos 18 anos, trocou Osaka pelo Reino Unido. Em Oslo, cozinhou para a família real norueguesa. Já viveu em Santiago do Cacém, onde se deixou encantar pelo Alentejo, mas rumou a Lisboa para continuar a brincar com os ingredientes portugueses. O que serviu? Um semifrio de maracujá e coco (8€).
A carta do Animal vigora ao almoço e ao jantar, mas o restaurante já tem um menu de refeições ligeiras disponível durante a manhã e a tarde, para hóspedes, mas também para quem se quiser juntar. Também os pequenos-almoços estão abertos ao público (incluindo madrugadores), a partir das 07.30.
Hotel Hotel, um quatro estrelas cheio de pinta
Foram seis anos de obras e mais dois à espera que a pandemia desse uma trégua. A dois passos da Avenida da Liberdade, o Hotel Hotel (projecto mais recente da Design Hotels, dona do International Design Hotel e dos restaurantes Bastardo e Dama e Vagabundo) começou a mexer em Dezembro do ano passado. Hoje, este quatro estrelas está já em velocidade cruzeiro. Com 40 quartos, seis deles com terraço privativo voltado para o pátio, por estes dias, uma noite custa, em média, 400€.
A arte é um dos pilares do Hotel Hotel. A parceria com a galeria Underdogs espreita em cada canto, incluindo dentro dos quartos. André da Loba, Wasted Rita e AkaCorleone são alguns dos artistas presentes no espaço. Alexandra Moura assina as fardas. O trunfos deste hotel aberto à cidade não ficam por aqui. Além do Animal, abrem ao público, muito em breve, um espaço para aulas de yoga, que arranca em Agosto, e um estúdio de tatuagens da Queen of Hearts.
Travessa da Glória, 22 (Avenida). 21 116 4120. Dom-Qui 07.30-00.00 e Sex-Sáb 07.30-02.00 (almoços 12.30-14.30 e jantares 19.30-22.30). Site: www.restauranteanimal.com
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