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Tasca Pete: o segredo mais mal guardado da Penha de França

Abriu sem grande barulho há uns meses e em menos de nada este pequeno restaurante tornou-se motivo de romaria à Rua Angelina Vidal. Percebe-se porquê.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Tasca Pete
Francisco Romão Pereira
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Um britânico chega a Lisboa e quer abrir um bar. Na procura por sítios, encontra uma antiga tasca e muda de ideias, sem mudar muito o espaço. A palavra espalha-se e em menos de nada a Tasca Pete torna-se num microfenómeno na Penha de França. O segredo: a boa comida, mas também a boa onda. 

“A ideia foi fazer alguma coisa diferente, nada extravagante, queremos ter comida acessível”, diz-nos Peter Templeton, o homem por detrás desta tasca. “Mudei-me de Londres para cá há dois anos e meio. Cheguei com amigos para trabalhar na Comporta e queria abrir um bar, tipo um bar de cidras. Um ano depois encontrei este sítio”, continua, resumindo a sua história. O bar teria sido, provavelmente, o caminho mais simples, uma vez que Peter não tem propriamente experiência na cozinha, mas foi impossível ignorar a disposição do sítio, um típico café de bairro que dava antes pelo nome de Nova Esperança, todo forrado a azulejos brancos e azuis e balcão de alumínio. 

Tasca Pete
Francisco Romão Pereira

Bem pequena, onde cabem pouco mais de 15 pessoas (seis das quais ao balcão), a Tasca Pete manteve a integridade do espaço. Trocaram-se os azulejos, existindo agora apenas pequenos apontamentos, e pintaram-se as paredes em tons azuis. A meia luz e a música complementam a experiência. “Não sabia bem o que fazer, mas queria manter o feeling caseiro, quente”, conta.

Tasca Pete
Francisco Romão Pereira

O menu anuncia-se num papel na parede, qual tasca tradicional, e se inicialmente começou com uma selecção de pratos mais curta, mais como complemento aos vinhos naturais, nem todos portugueses, hoje tem já uma selecção composta com pratos que já não saem, como o frango frito com mel, jalapeño e pickles (6,5€), a focaccia com queijo azul e mirtilos (2,5€) ou a terrina de batata (4€). Quem manda na cozinha é Jake Goosen, mas nem por isso Peter Templeton está fora da equação. Em Londres, o irmão tem um restaurante onde Peter chegou a trabalhar. “Sempre me senti envolvido na cena gastronómica”, garante. E ideias não lhe faltam. “Ajudo na concepção das ideias, mas não cozinho. Não sou um chef, gosto de cozinhar em casa, mas fico longe da cozinha”, brinca. O essencial é simples: “Comida que gostamos de cozinhar.”

Tasca Pete
Francisco Romão PereiraTerrina de batata

Mais do que rodar pratos, Peter preocupa-se antes com a necessidade de ver a carta evoluir. “Queremos tornar os pratos melhores.” Seja um pargo curado com rabanete (7€), um bife tártaro (7€) ou uma lasanha com romanesco, cogumelos e queijo de cabra (8€). Sempre tudo pensado para ser partilhado à mesa, sem que se inflacionem demasiado os preços. “Para nós é um factor importante não ter comida cara.” O segredo? A aposta em ingredientes à partida mais comuns, mas com combinações pouco usuais. “É um processo perceber como é que fazemos isto”, explica o britânico. E acrescenta: “Tentamos, dentro das nossas capacidades, mantermo-nos sazonais.” 

Tasca Pete
Francisco Romão PereiraPargo curado com rabanete

O próximo desafio talvez seja aumentar a lista de opções doces, já que por agora há apenas uma sobremesa – na noite em que jantámos era um bolo de coco, chocolate branco e amêndoas (6€). “Queremos ter mais opções, mas é mais fácil focarmo-nos agora nisso. Parece que abrimos há muito tempo, mas a verdade é que é tudo muito recente”, constata Peter, sem saber até hoje explicar o pequeno fenómeno que se gerou em torno da sua Tasca Pete, já que no Instagram não há qualquer informação sobre o restaurante, apenas uma foto do letreiro com o nome e o horário de funcionamento. Será que foi precisamente essa postura em tudo oposta ao que acontece habitualmente nos dias de hoje, em que tudo é partilhado a toda a hora? “Nunca foi intencional, não pensámos que queríamos ser diferentes. Se calhar devia dizer que era intencional, às vezes sou muito honesto”, conta, entre risos. “A forma como tudo aconteceu foi muito orgânica. Encontrámos a tasca, depois encontrei o chef e tudo se foi encaixando. Sentimo-nos uns sortudos, trabalhamos muito, mas tornámo-nos populares sem fazer muita promoção.”

Tasca Pete
Francisco Romão PereiraLasanha com romanesco, cogumelos e queijo cabra

De tal forma que fica difícil já dar resposta a todos os pedidos de reserva. Sendo um sítio tão pequeno, a solução encontrada foi estabelecer dois turnos (19.00 e 21.00). “A cozinha fecha por volta das 23.00, mas estamos ainda a tentar perceber o equilíbrio, até porque as pessoas aqui comem geralmente às 20.00”, aponta. “Com 16 a 18 lugares, para nós é importante conseguir os dois turnos.” Em breve, a ideia é abrir mais uma noite, e no Verão talvez cresçam para o andar de cima. “Temos essa sala, mas ainda não está aberta, nem está ainda completa, ainda estamos a tentar perceber o que vai ser.”

Rua Angelina Vidal, 24A (Penha de França). Qua-Sáb 19.00-00.00

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