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Acabou de rebentar mais uma grande produção na HBO Max, que volta a investir milhões de dólares numa série. Trata-se de The Last of Us, a adaptação de um dos mais bem-sucedidos videojogos da Playstation, desenvolvido pela Naughty Dog, empresa que também chega aos créditos no streaming.
Esta história começa há 20 anos, quando a civilização tal como a conhecemos começou a ser posta em causa na sequência de uma pandemia mortal. Nessa altura, Joel, um pai solteiro e carpinteiro, vive uma vida relativamente normal. Tal como o jogo, a série avança dessas décadas para os dias de hoje, altura em que a sociedade que conhecemos já não existe. Joel tornou-se entretanto contrabandista, estando pouco alinhado com as forças no comando da nova ordem social e é contratado pelos rebeldes para transportar a adolescente Ellie, imune à doença, para fora de uma opressiva zona de quarentena, em busca de uma cura. E tudo o resto parte daqui.
A série, um original da HBO em co-produção com a Sony Pictures Television, foi desenvolvida por Neil Druckmann, também criador do videojogo, e Craig Mazin, criador da premiada minissérie Chernobyl, que assina o argumento. Druckmann foi ainda convidado a realizar um dos nove episódios e a ligação ao jogo é fortalecida com a banda sonora, a cargo do compositor Gustavo Santaolalla, que compôs igualmente a do videojogo.
A produção parece não ter poupado para oferecer bom entretenimento. Em Julho de 2021, a Forbes citou uma declaração que Damian Petti, presidente do IATSE 212, sindicato que representa os técnicos do entretenimento no Canadá (onde a série foi filmada), fez a um jornal local: “Este projecto excede em muito a marca de oito dígitos por episódio.” Ou seja, excede os 10 milhões de dólares (cerca de 9,4 milhões de euros). O orçamento total foi, por isso, de mais de 90 milhões de dólares. Um valor superior ao da primeira temporada de House of The Dragon (2022), que, embora com uma média de 15 milhões de dólares por episódio, tem apenas seis partes (somando 90 milhões). Para efeitos comparativos, a Forbes acrescenta ainda os números da primeira adaptação da obra de George R. R. Martin: “A sexta temporada de A Guerra dos Tronos [2016] durou 10 episódios e teve um orçamento de 10 milhões de dólares por episódio, um aumento em relação às temporadas anteriores, que eram de seis, sete milhões.”
O trailer de The Last of Us denuncia algum desse investimento, com largos cenários de destruição (nesse vídeo introdutório, Boston está um caco), monstros medonhos, cenários naturais, explosões e tudo o mais a que a distopia tem direito. Os efeitos visuais são uma mistura entre CGI (Imagem Gerada por Computador) e efeitos reais, explicaram os criadores durante a Comic Con Experience (CCXP) que decorreu em São Paulo, em Dezembro. “Acreditamos que o CGI só funciona se não soubermos que ele existe. Integramos o real com o CGI e acho que de uma forma que as pessoas não saberão qual é qual”, avançou então Mazin. Druckmann acrescentou que trabalharam com “uma das melhores equipas protéticas do mundo, liderada por Barry e Sarah Gower”, também responsáveis por algumas monstruosidades de Stranger Things, A Guerra dos Tronos e Harry Potter, entre outros títulos de referência.
O grande investimento na série oferece outras boas apostas em The Last of Us. Primeiro no elenco, que conta com Pedro Pascal (Narcos, The Mandalorian, A Guerra dos Tronos) e Bella Ramsey (A Guerra dos Tronos) nos principais papéis, cujas vozes no videojogo pertenciam a Troy Baker e Ashley Johnson. Estes últimos integram o elenco, mas ao que parece em papéis mais curtos, de um ou dois episódios, a acreditar no IMDb. No elenco, também se destaca Melanie Lynskey (Yellowjackets), que irá interpretar Kathleen, uma líder de um movimento revolucionário, para já em apenas um par de episódios.
Mas será que a distopia ainda tem clientes? Com a série The Walking Dead terminada após longas 11 temporadas, os fãs de cenários pós-apocalípticos víricos com investimento significativo na produção têm assim uma luz ao fundo do túnel. Só que em vez de vírus vão encontrar fungos, e em vez de uma adaptação de comics terão uma adaptação de um dos videojogos mais populares da actualidade. The Last of Us chegou pela primeira vez à Playstation (PS) em 2013. Desenvolvido pela Naughty Dog, o jogo ganhou uma Parte II, lançada em 2020 para a PS4, uma aposta que continua a dar frutos passados dois anos. No início do ano, alcançou o marco das 10 milhões de unidades vendidas, avançou o criador do videojogo Neil Druckmann, durante o Summer Game Fest, em Julho deste ano.
Se quem jogou The Last of Us já tem na mão alguns spoilers do que poderá acontecer na nova série, há quem tenha acabado de chegar a este comboio. Mas não é por isso que perderá a carruagem. “Tínhamos que fazer a série funcionar para pessoas que não sabiam nada sobre o jogo, não conheciam a Naughty Dog, não conheciam The Last of Us. No entanto, quem jogou o jogo, terá uma compreensão maior e será capaz de assinalar coisas de uma forma que alguém que não jogou não conseguiria”, revelou Druckmann, na CCXP.
Então, mas valerá a pena para quem conhece o jogo de trás para a frente? Craig Mazin acredita que sim: “Vemos programas de TV e filmes baseados em livros, sabemos como terminam. As pessoas viram o Titanic, sabiam como terminava. Fiz uma série sobre um reactor nuclear que explodiu, todos sabíamos que isso ia acontecer. É sobre a jornada. Joguei The Last of Us umas 12 vezes, sei como termina e amo o processo. E prometemos que haverá surpresas ao longo do caminho. Há coisas que as pessoas não sabem que estão por vir e que as vão deixar boquiabertas”.
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