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Toalhas de mesa? A Taippe apanhou-as e criou um guarda-roupa para todos

A marca de slow-fashion aposta em peças intemporais, mas nem por isso mais sóbrias. O primeiro pop-up acontece na próxima quinta e sexta-feira, na Penha de França.

Beatriz Magalhães
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Beatriz Magalhães
Jornalista
Taippe
© Eabha CullinaneTaippe
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Estamos na Penha de França, numa antiga escola de russo que, desde o início do ano, serve de atelier ao designer João Magalhães. É lá que encontramos as peças da Taippe, marca portuguesa de slow-fashion que começa agora a dar os primeiros passos. A colecção cápsula, em tons de vermelho, rosa, cinzento e creme, vai buscar inspiração à cultura portuguesa, aliada a uma intemporalidade que serve de mote à criação. Mas a Taippe não quer só vender roupa, quer pôr-se no mapa como uma marca que veste todo e qualquer tipo de corpo. Nos dias 24 e 25 de Outubro, vai ocupar este mesmo espaço com o primeiro pop-up.

Matilde Guimarães estava a viver na Austrália quando o convite para criar uma marca lhe chegou às mãos. Veio de uma empresa de têxtil, sediada no norte do país, que está encarregue de todo o processo de confecção de vestuário, desde a compra do fio à execução do produto final. A única exigência era que os lançamentos tinham de funcionar por cápsulas, o resto ficaria ao critério da directora criativa. Uma coisa ficou certa desde início – a Taippe seria uma marca de slow-fashion com uma mensagem clara a passar. “A Taippe não se quer restringir a nenhum tipo de corpo, a nenhum tipo de sexualidade, a nenhum tipo de idade, a nenhum tipo de etnia. Se queres usar as nossas roupas, usa. Acredito que a liberdade de expressão de moda é tua e ninguém tem de dizer aquilo que tens de usar ou não”, diz-nos Matilde, a meio das preparações para o pop-up desta semana.

Taippe
© Pedro MkkTaippe

O trabalho arrancou em Janeiro e foi no final de Setembro que a Taippe se lançou ao mundo. São 14 peças de roupa e uma mala, mas bastam. A ideia é criar um roupeiro, em que todas as peças podem ser conjugadas entre si. “Tu não precisas de muitas peças no teu guarda-roupa, precisas de poucas e versáteis, que dêem para usar num evento, para ir trabalhar, para ir estudar, seja o que for. Então, esse sempre foi o pilar da marca”, explica. Para desenhar as peças, a directora criativa, que estudou Design de Comunicação no Porto e estagiou no estúdio de design Paperwhite Studio em Nova Iorque, trouxe consigo Molly Walters.

A irlandesa, que hoje vive em Lisboa, estudou Design de Moda em Irlanda e fez Erasmus em Milão, onde conheceu Matilde. Antes de se aventurar neste projecto, Molly chegou a trabalhar em Londres numa empresa de fast-fashion, mas a proposta para se juntar à Taippe não podia ter chegado em melhor hora. “Não estava a ganhar dinheiro nenhum e estava a fazer uma coisa que odiava. Estava a produzir peças para nada, ninguém comprava a roupa e eram peças muito baratas, mas a empresa tinha de as fazer. Eu só pensava 'preciso de encontrar um sentido na minha vida' e foi aqui que encontrei”, partilha a designer. 

Taippe
DREmília Corset Top e Filipa Skirt

Antes de passar à produção, o processo de desenhar as peças demorou alguns meses. Impuseram-se várias questões: “Para quem é que estamos a desenhar? Estamos a desenhar para nós próprias? Estamos a desenhar para amigos? Para que idades? Há tantas coisas a ter em consideração”, explica Molly. Daqui, surgiram as formas, as cores e os materiais. Os têxteis, produzidos na casa, procuram ser sustentáveis e ter uma grande durabilidade – “no desenvolvimento das matérias, nós não usamos uma pinga de fibras fósseis. É tudo fibras celulósicas e naturais e foi tudo desenvolvido por engenheiros que estão há mais de 30 anos no mercado”, diz-nos Matilde.

Taippe
DRFrancisco Hoodie e Olga Pants

As peças procuram ser, acima de tudo, confortáveis, e vão das saias e tops aos conjuntos de calças e casacos de capuz. A gabardina é uma das peças-chave. E, apesar de ser uma colecção cápsula intemporal, uma das cores predominantes é o vermelho. Curiosamente, a cor surgiu com a criação do logo da marca – uma cápsula fechada. Mas a inspiração também veio, em parte, de elementos muito presentes na cultura portuguesa, que influenciaram as cores e padrões. “Nós associamos estes padrões com as toalhas de mesa portuguesas que vemos nos restaurantes, é muito típico. E o vermelho é uma cor muito ousada, forte e quente e, por isso, também fez sentido para mim a colecção ser vermelha”, explica a directora criativa.

O design da roupa, que é feita maioritariamente em algodão, acetato (utilizado como substituto do poliéster) e modal, reflecte o trabalho que está por detrás da confecção e o sentido de comunidade patente na Taippe. Maria José, uma camisola de algodão de manga comprida, é estampada com a fotografia das mãos de quem lhe deu o nome – a costureira que faz os protótipos das peças. Para a dupla, foi importante mostrar como cada uma das pessoas da equipa foi essencial ao processo.

Taippe
DRMaria José T-Shirt

Inevitavelmente, Matilde e Molly também se revêem nas peças que criaram em conjunto. “Nós adoramos cada peça e acho que o nosso gosto pessoal está muito presente nesta e nas próximas colecções. Acima de tudo, as roupas da Taippe são um reflexo da nossa equipa”, diz Matilde. “O mundo da moda é um mundo muito saturado. Se não falares com o coração, ninguém te vai ouvir, e acho que está a acontecer, as pessoas estão a entender que isto é a nossa paixão. Elas querem sentar-se e entender a mensagem que queremos passar”, continua.

Lançada a primeira colecção, a terceira já está ser criada. A segunda, que irá ser apresentada durante a Semana da Moda de Paris, em Janeiro, segue a mesma linha intemporal. A tradição portuguesa continua a ser uma inspiração, em especial os bordados típicos de Castelo Branco. Para já, segue-se o pop-up em Lisboa e, em Novembro, uma mostra em Milão. Mas, segundo Matilde, o sonho vai mais longe – a Londres e a Estocolmo por exemplo. “Os meus planos para a Taippe são, obviamente, a expansão internacional, então faz sentido para nós que a próxima apresentação seja noutro sítio e não em Portugal, vamos ver”.

Rua Professor Celestino da Costa 10A (Penha de França). 24-25 Out. Qui-Sex 10.00-19.00. Entrada livre

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