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Os brasileiros Adriana Grechi e Amaury Cacciacarro são os novos directores artísticos da Casa da Dança, projecto implementado pelo coreógrafo Paulo Ribeiro em Almada. Associado a este centro de dança surge agora a Transborda – 1.ª Mostra Internacional de Artes Performativas de Almada. A programação divide-se entre o presencial e o digital e conta com artistas e curadores de Portugal, Brasil e Espanha. Entre performances, oficinas e conversas, há a apresentação de cinco espectáculos: O que não acontece, de Sofia Dias e Vítor Roriz; Ça va exploser, de Carolina Campos e João Fiadeiro; Homem Torto, de Eduardo Fukushima; Overtongue, de Michelle Moura; e Coin Operated, da dupla Jonas & Lander. Nas conversas online, atenções redobradas para a conversa Brasil Sequestrado, em que artistas e activistas brasileiros como Alice Ripoll, Calixto Neto ou Zahy Guajajara irão debater a crise social e política em curso no país. Para saber mais, falámos com os organizadores da Transborda. A programação completa pode ser consultada aqui. Mas, antes de pormos pés ao caminho, Adriana Grechi e Amaury Cacciacarro apresentam-nos esta primeira Transborda em mais detalhe.
Em que contexto surge esta primeira edição do festival e qual a ligação ao novo rumo da Casa da Dança?
Esta primeira edição da Transborda faz parte da programação internacional da Casa da Dança. Assumimos há três meses a direcção artística da Casa da Dança, uma iniciativa da Câmara Municipal de Almada, para tornar o projecto um centro internacional de investigação artística conectado à diversidade da população local.
E como vão fazer essa conexão?
Iniciaremos convidando os moradores à volta da Casa da Dança para frequentarem algumas actividades, como ensaios abertos, aulas de dança conectadas à saúde e oficinas de artes performativas voltadas para estudantes e interessados em artes. Em seguida, vamos ampliar este convite a residentes de outros bairros.
Vocês organizam, no Brasil, o Festival Contemporâneo de São Paulo (FCDSP). Que tipo de paralelismos estabelecem entre esse evento e a Transborda?
O FCDSP sempre se dedicou à democratização das artes performativas contemporâneas na cidade, levando artistas “de ponta” de diversos países para partilharem suas obras e processos não apenas com o público especializado em artes, mas também com os moradores do centro velho da cidade, uma região de vulnerabilidade social. Procuramos trazer um pouco desta experiência para Almada.
De que forma?
No FCDSP desenvolvemos uma rede de conexões com artistas e com circuitos de dança da Europa, América do Sul e África. Procuramos sempre apresentar trabalhos urgentes que questionam de diferentes formas o mundo contemporâneo. O que realmente nos interessa é criar um relacionamento contínuo ao longo dos anos entre as propostas dos artistas e os espectadores, possibilitando uma aproximação mais vertical. Para além das apresentações organizamos também conversas, oficinas e encontros. Esta experiência é a que queremos trazer para Almada.
Quais foram os critérios de selecção das performances?
Os artistas que participam na Transborda questionam o mundo contemporâneo, criam trabalhos com enfoque no corpo que convidam à reflexão e à participação sensível do público. Interessam-se pelo encontro colectivo, pelo outro.
Vários locais de Almada. 18 a 27 de Junho. 5€-6€; entrada gratuita na Sala Pablo Neruda.