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Uma mãe que foge com a filha do violento ex-marido. Uma actriz em declínio que é alvo de chantagem. Uma dona de um motel transfronteiriço na bancarrota. Três mulheres, com histórias e personalidades bem distintas encontram-se por acasos da vida e acabam por se unir depois de encontrarem uma mercadoria misteriosa que pertence a um cliente do motel, e que pode ser a solução para todos os problemas que as perseguem. O problema, mais um, é que essa mercadoria é também propriedade de uma máfia que se dedica ao branqueamento de capitais.
Com oito episódios de 50 minutos cada, Motel Valkirias é mais uma produção que junta a RTP à TV Galicia, à semelhança de outras séries que juntaram Portugal e Espanha, como Operação Maré Negra, actualmente em exibição na RTP e na Amazon Prime Video. Desta vez, a parceria foi assinada com a HBO Max, onde Motel Valkirias irá estrear a 1 de Março, alguns dias após a estreia na RTP1, marcada para as 22.30 do dia 27 de Fevereiro, segunda-feira. Na TV Galicia será emitida a partir de 6 de Março, em horário nobre.
O principal cenário é o motel que dá o nome à série, propriedade de Carolina Caneiro, personagem interpretada por Marina Mota, actriz que assim faz o pleno na televisão generalista nacional, já que entra nas telenovelas Flor Sem Tempo, da SIC, e Para Sempre, da TVI. Em Motel Valkirias, é a dona de um moribundo motel, localizado na fronteira com a Galiza, cuja hipoteca não está a conseguir pagar. Para fazer face às dificuldades, muitas vezes entra nos quartos dos clientes para roubar uns trocos, uma táctica que está longe de resolver os seus dramas.
A actriz portuguesa, com quem falámos na apresentação da série – que decorreu na quinta-feira no Cinema São Jorge – considera que este é “mais um momento bom” na sua carreira de cinco décadas. “Sou daquelas pessoas que tem o privilégio de nunca ter parado para descansar, o trabalho está sempre presente. O que me sabe bem, são 50 anos disto e 60 de vida!”, diz. A carreira vai-se dividindo entre a comédia e o drama (e às vezes a música), mas sempre com o objectivo de apresentar algo novo. “Se me levaram para uma comédia onde já fiz uma coisa semelhante, o desafio é muito pouco interessante. O que se procura, enquanto actor, penso eu, é alguma coisa que ainda não tenhamos feito. Que nos leve para outra vida, porque é esse o nosso objectivo, criar vida, pôr personagens a mexer.”
O maior desafio, conta, foi mesmo representar noutra língua, já que a personagem, apesar de portuguesa, também fala galego. “Não é a mesma coisa que representar em português e tive pouco tempo de pré-produção. Tive apenas 15 horas de aulas de galego, espero que o resultado tenha sido convincente, mas foi de alguma forma condicionante. Porque eu gosto muito de tornar o texto meu e pô-lo de uma forma coloquial. Não sendo uma língua que eu domino, porque em 15 horas é impossível… mas acho que fui uma boa aluna.”
Maria João Bastos – que actualmente também integra o elenco da telenovela Flor Sem Tempo – interpreta Eva Santana, uma actriz em declínio que regressa a uma telenovela depois de dois anos afastada da profissão. Além de ter de contracenar com influencers sem talento, é chantageada por um homem que quer dinheiro em troca de fotografias íntimas. “Esta história ser contada por três mulheres tem um grande significado. E três mulheres que não têm rigorosamente nada em comum, que se encontram num momento extremamente delicado, perigoso e inesperado das suas vidas. E como é que três personalidades se unem para sobreviver e acabam por se encontrar? Precisamente porque são mulheres, porque encontram essa força feminina, esse lugar comum que faz com que acabem inseparáveis”, descreve Maria João Bastos. Quanto a este momento mais internacional das produções portuguesas, a actriz saúda os talentos nacionais: “Nós temos grandes talentos nas mais diversas áreas e nesta série não são só as actrizes que são portuguesas, existe uma equipa portuguesa, temos técnicos muito bons. Existe matéria prima e é bom que esta globalização traga isso, acho que é fundamental. E, acima de tudo, com Espanha que é aqui ao lado, são hermanos. Faz todo o sentido estarmos juntos e partilharmos projectos.”
Quem se juntou à dupla portuguesa foi María Mera, actriz galega que veste o papel de Lucía Veiga, uma mulher divorciada por motivos de maus-tratos psicológicos e físicos e mãe de uma criança de sete anos, cujo ex-marido ameaça retirar-lhe a guarda da filha. Sem dinheiro e desesperada, foge e começa a trabalhar no motel como empregada de limpeza e cantora do bar. “A história que contamos é protagonizada por três mulheres e creio que falta, sobretudo no audiovisual, escrever projectos que sejam protagonizados unicamente por mulheres. Sobretudo para o público se identificar com cada uma das personagens, porque estamos a falar da vida real, de problemas reais”, defende María, que se confessa entusiasmada por esta união entre os dois países nas produções para o pequeno ecrã. “É a primeira vez que faço um trabalho com Portugal e para mim é uma grande honra, porque é a primeira vez e como protagonista. Foi uma descoberta, porque a equipa portuguesa trabalha de uma forma diferente da galega, aprendemos muito uns com os outros, partilhamos formas de trabalhar e é tudo muito enriquecedor.”
Esta é a terceira série que a RTP apresenta desde o início de 2023, depois de O Crime do Padre Amaro, estreada a 16 de Janeiro, e Cavalos de Corrida, com estreia marcada para quarta-feira, 22 de Fevereiro. Sem contar com a segunda temporada de Operação Maré Negra, que arrancou a 10 de Fevereiro. E parece estar muito mais para vir. Na apresentação de Motel Valkirias, José Fragoso, director da RTP1, revelou que o objectivo da RTP é estrear entre 10 a 12 séries por ano.
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