Notícias

Trinco: safiras do Oriente aplicadas à joalharia portuguesa

Francisco voltou do Sri Lanka e na bagagem trouxe umas quantas pedras preciosas. No exercício criativo de lhes dar um destino, criou a Trinco.

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
Trinco
© Francisco Hartley
Publicidade

Francisco Andresen Leitão teve de ir para o outro lado do mundo para descobrir os encantos da joalharia, em particular das pedras preciosas e semi-preciosas que por lá abundam. Mudou-se para o Sri Lanka por motivos profissionais, em plena pandemia, e no regresso trouxe umas quantas safiras na mala. "Sempre tive este bichinho de ter alguma coisa criada por mim. Quando o país começou a abrir, em Novembro de 2021, encontrei este artesão local através de uma amiga que fiz lá. Trabalhava numa oficina familiar, acho que devo ter passado um ano e meio com ele", conta Francisco, de 28 anos, em conversa com a Time Out.

Trinco
© Francisco HartleyCampanha da primeira colecção da Trinco

O destacamento chegou ao fim e, em 2022, voltou para Lisboa. "Quando cheguei a Portugal, foi uma excitação. Mas, tal como eu, as pessoas não sabiam o que fazer com as pedras. Entusiasmei-me e mandei fazer 40 peças – colares, brincos e anéis", continua. A Trinco ganhou forma, em parte graças ao talento do artesão de Colombo. Este acabou por se tornar num braço direito do criativo português. "Às vezes até me manda alguns desenhos a perguntar o que é que eu acho", remata.

O resultado está à vista. A Trinco foi lançada em Novembro e funde desenhos clássicos da joalharia portuguesa com a cor de pedras preciosas e semi-preciosas exóticas. Os diferentes níveis de dureza, assim como o recurso a prata dourada, permitiram posicionar a marca num patamar de preços acessíveis – há peças a começar nos 70€ (pendentes), enquanto outras, feitas em ouro de 18 quilates, se aproximam dos 1000€.

Francisco Andresen Leitão, Trinco
DRFrancisco Andresen Leitão, fundador da Trinco

"Uma amiga definiu muito bem as minhas peças: são as jóias que não herdámos das nossas avós." Francisco pode não ter herdado nenhum destes anéis, colares ou brincos, mas a inspiração chegou também das jóias que sempre viu serem usadas na família. Além das safiras, pedras geralmente azuladas bastante comercializadas naquela região do continente asiático, a Trinco incorpora outros materiais – águas-marinhas, citrinos, topázios, granadas e pérolas.

"Não quero fugir às safiras, até porque a inspiração da marca tem sido essa. Ainda assim, uso outras pedras que me permitem produzir peças com outro custo", resume. No último mês, lançou uma edição limitada de 69 peças, por ocasião do Dia de São Valentim. Jóias e legumes protagonizaram uma campanha fotografada por Francisco Hartley. Um contraste que Francisco, o "joalheiro", quer continuar a explorar, juntando o teor provocador das produções fotográficas e da própria comunicação com o aspecto mais tradicional das jóias. Pelo menos, por enquanto. "Comecei por fazer peças mais consensuais, o que agora me deixa todo um espectro de opções em aberto."

Trinco
© Francisco HartleyCampanha Trinco para o Dia dos Namorados

Além da loja online, as peças da Trinco podem ser vistas ao vivo na House of Curated, a meio caminho entre Santos e Alcântara. O objectivo é expandir além-fronteiras, mantendo intactos pilares fundadores como a ausência de qualquer segmentação de género – todas as jóias são desenhadas para serem usadas por todos – ou lado mais democrático, próprio de uma marca que quer levar a joalharia a um público mais jovem. Por enquanto, contam-se as semanas para o Dia do Pai. A data vai merecer uma edição especial: os primeiros botões de punho da Trinco.

+ Espelho meu, espelho meu. Haverá alguém com um vestido igual ao meu?

+ Movida a ouro e sangue novo, a Bergue chegou ao Chiado

Últimas notícias

    Publicidade