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Faz agora 30 anos, em 1995, começou a ser publicada no diário inglês The Independent uma crónica intitulada Bridget Jones’s Diary, não assinada (o que levou muitos leitores logo a pensar que se tratava de um nome fictício). A dita Bridget Jones – Bridget Rose Jones, de seu nome completo – era uma mulher de trinta e poucos anos, da classe média, solteira, com uma profissão liberal e um grupo de amigos próximos muito fiel e castiço, que contava os seus problemas quotidianos, em especial as suas relações e desilusões sentimentais, e as suas aspirações românticas. Bridget bebia e fumava demais, e estava sempre a fazer resoluções para deixar os cigarros, beber menos e também perder algum peso.
A crónica, que através da personagem de Bridget Jones, satirizava e retratava, de forma deliberadamente estereotipada, mas também com empatia e bom humor, a vida de um largo segmento da população feminina inglesa (e não só), foi um sucesso imediato e inesperado. A sua autora revelou-se ser a jornalista e escritora Helen Fielding que rapidamente passou a sua criação (a que não escapavam características autobiográficas) a livro, em O Diário de Bridget Jones (1996), seguido por O Novo Diário de Bridget Jones (1999). Em 2013, saiu um terceiro título, Bridget Jones – Ele Dá-me a Volta à Cabeça. Foram todos best-sellers, como se esperaria. Entretanto, entre 1997 e 1998, Fielding saiu do The Independent e foi para o The Daily Telegraph, levando consigo a sua heroína. Em 2005, regressaram ambas ao The Independent.
O cinema não ficou alheio ao “Fenómeno Bridget Jones” e ao estatuto de ícone pop/cultural britânico da criação de Helen Fielding. A escolha da americana Renée Zellweger para interpretar Bridget em O Diário de Bridget Jones, de Sharon Maguire (2001), começou por ser recebida com protestos por muitos fãs dos livros, que consideravam que apenas uma actriz inglesa podia interpretar alguém tão caracteristicamente inglês como Bridget Jones, mas os produtores do filme não deram muita importância a esta contestação, que desapareceu após a interpretação de Zellweger ter sido quase unanimemente elogiada e ela ter recebido uma nomeação ao Óscar de Melhor Actriz. As personagens dos dois principais homens da vida de Bridget, o advogado de Direitos Humanos Mark Darcy (que Fielding baseou no Mr. Darcy de Orgulho e Preconceito, de Jane Austen) e o playboy Daniel Cleaver, foram interpretadas, respectivamente, por Colin Firth (que tinha personificado Mr. Darcy na série de televisão Orgulho e Preconceito, em 1995…) e Hugh Grant. O filme fez uma óptima bilheteira e foi aplaudido pela crítica.
![Bridget Jones – Louca Por Ele](https://media.timeout.com/images/106239755/image.jpg)
Seguiram-se-lhe O Novo Diário de Bridget Jones, de Beeban Kidron (2004), e O Bebé de Bridget Jones (2016), de novo realizado por Sharon Maguire, e baseado não num livro mas num argumento original escrito por Helen Fielding, Emma Thompson e Dan Mazer, e onde Bridget descobre que está grávida mas não sabe que é o pai do bebé. Acaba por casar com Mark Darcy, que se revela ser o pai da criança, um menino. Esta trilogia de comédias românticas foi a primeira a ter apenas mulheres a realizá-la. Apenas a segunda, O Novo Diário de Bridget Jones, teve críticas menos positivas e as três fitas foram comercialmente muito prósperas. (Em 2020, surgiu um documentário, Being Bridget Jones, em que Helen Fielding conta a história da criação da personagem, e que conta com a participação dos principais actores dos filmes).
A adaptação do terceiro livro, Bridget Jones: Louca por Ele, de Michael Morris, estreia-se esta semana. A personagem de Bridget Jones, que não deixou de envelhecer, nem nos livros nem nos filmes, está agora na casa dos 50 e é viúva. O marido, Mark Darcy, morreu tragicamente numa missão no Sudão, deixando-a sozinha com o filho Billy e a filha Mabel. A família e os amigos dizem a Bridget que já é tempo de acabar o luto e voltar à vida profissional, bem como a ter encontros com homens. A sua amiga Shazza descarrega-lhe uma app de encontros no telemóvel, mas é durante uma ida ao parque com os filhos que ela conhece o simpático e prestável Roxter, de apenas 29, e envolve-se com ele. Ao mesmo tempo, Bridget passa por uma série de situações embaraçosas perante o Sr. Wallaker, o severo e exigente professor de Ciências do seu filho.
![](https://img.youtube.com/vi/g_Q4xhPYSXU/sddefault.jpg)
Realizado agora por um homem, Michael Morris, Bridget Jones: Louca por Ele é interpretado por Renée Zellweger, Hugh Grant (que volta ao papel de Daniel Cleaver, após ter sido dado por morto em O Bebé de Bridget Jones – Grant não entrou no filme por não ter gostado da direcção dada à sua personagem no argumento, tendo sido aqui “substituída” pela de um sedutor americano interpretado por Patrick Dempsey) e Leo Woodall como Roxster e Chiwetel Ejiofor como Sr. Wallaker. Todas as caras conhecidas dos filmes anteriores da série voltam aos seus respectivos papéis de familiares e amigos de Bridget. No final da fita, a vida parece definitivamente resolvida para ela. Mas Helen Fielding poderá estar a escrever um novo livro, enquanto o projecto de um musical de palco baseado na personagem continua à espera de luz verde para avançar.
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