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Um ano para celebrar o centenário de José Saramago

Em 2022 assinala-se o centenário do Nobel da Literatura português, mas as celebrações começam um ano antes. Antecipamos o primeiro dia de uma programação que quer inspirar novos leitores – e novas leituras.

Joana Moreira
Escrito por
Joana Moreira
Jornalista
Pilar del Río
Bruno Colaço
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“Talvez seja a última grande ocasião de celebrarmos, juntos, a obra e a personalidade de José Saramago”, escreve Pilar del Río, jornalista, presidente da Fundação José Saramago e viúva do escritor. A partir de 16 de Novembro de 2021 (e até ao mesmo dia de 2022), há uma programação extensa dedicada ao Nobel da Literatura e à sua obra. “Vamos comemorar o centenário de um contemporâneo chamado José Saramago com a consciência de que será um acto de agradecimento pelo que ele, e os criadores em geral, nos oferecem”, conta Pilar à Time Out. “Estarão presentes outros escritores e escritoras, haverá música, teatro, cinema e outras artes. Queremos que José Saramago seja o motor para que muitos cidadãos possam expressar a gratidão que sentiram, que sentimos por aqueles que, durante a pandemia, nos deram tanto. A cultura foi o que nos sustentou, agora é a hora de agradecer.”

Até ao dia em que o escritor faria 100 anos há uma programação, comissariada pelo académico Carlos Reis (autor das entrevistas em Diálogos com José Saramago), que inclui desde novas publicações a exposições, espectáculos e conferências sobre o escritor, ou “a partir do seu pensamento”. Durante pelo menos um ano não faltarão oportunidades para revisitar o legado de Saramago ou para o encontrar pela primeira vez. “Fascina-me que tenham novas e ousadas leituras da obra, que sintam José Saramago não como um dogma, um santo de altar ou lição de literatura, mas como alguém próximo, de quem se fala, que inspira artistas de rock e propostas para o futuro. Os jovens, pelo facto de serem jovens, não são ignorantes nem fúteis. Isso José Saramago sabia e deixou bem claro no Ensaio sobre a Lucidez”, pensa a jornalista e escritora que diz não ter “outro interesse nem dedicação a não ser esse: continuar José Saramago”.

O ano da vida

Esta terça-feira, 16, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, com direcção do maestro Pedro Neves, abre o centenário com um concerto no Teatro São Luiz (13-17€). O programa inclui As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, de Joseph Haydn, bem como a leitura de textos de José Saramago pela atriz Suzana Borges. A escritora Irene Vallejo dará início à sessão, às 20.00, com um Manifesto pela Leitura. No mesmo dia começa, online, o Colóquio de Estudos Saramaguianos, com conferências e mesas redondas com investigadores de Saramago em todo o mundo. A inscrição é gratuita e pode ser feita no site do evento.

Nas salas de aulas portuguesas, o tema do dia também é o escritor de O Evangelho segundo Jesus Cristo. Numa parceria entre a Fundação José Saramago, a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura, 100 escolas do ensino básico por todo o país vão ler, em simultâneo, A Maior Flor do Mundo, o conto infantil do autor, publicado em 2001. “É uma mensagem de atenção ao ambiente. José Saramago antecipou-se a Greta Thunberg…”, atenta Del Río sobre a história de um menino que atravessa a encosta para descobrir e cuidar de uma flor. “Este conto é uma convocatória para cuidarmos do ambiente: se cuidarmos da natureza, a natureza cuida de nós. É o que vem dizer este conto que termina com um desafio lançado pelo autor: ‘E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?’”

Paragens obrigatórias no centenário 

Fundação José Saramago. José Saramago: A Semente e os Frutos é o nome da exposição permanente na Fundação, na Casa dos Bicos, em Lisboa.

Fundação Calouste Gulbenkian. A Fundação Calouste Gulbenkian recebe um colóquio internacional dedicado ao escritor. Junho de 2022. 

Teatro Nacional São João. A adaptação dramatúrgica de Ensaio sobre a Cegueira é uma co-produção entre o TNSJ, o Teatre Nacional de Catalunya e o Teatro Nacional D. Maria II. 10 de Junho de 2022.

Teatro Nacional de São Carlos. Blimunda, a ópera de Azio Corghi e José Saramago, inspirada no romance Memorial do Convento, regressa ao São Carlos. Outubro de 2022.

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