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Um cowork e um espaço multifuncional para marcas e projectos. Está a fazer Corrente em Arroios

O espaço comum inaugura com uma exposição da MAGO Studio dividida em três momentos. O primeiro é até 15 de Maio.

Corrente Arroios
Corrente Arroios
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Foi em contra-corrente, contra todas as expectativas e restrições que a pandemia tem imposto a quem vive e faz a cidade mexer, que Catarina Monteiro e Leonor Bettencourt Loureiro arregaçaram mangas e transformaram um armazém em Arroios num espaço colaborativo e multidisciplinar, pensado para receber artistas, marcas, eventos comunitários, projectos independentes e artesãos. Nasceu uma nova Corrente em Lisboa. 

Não há limites para o que pode acontecer neste espaço recém-inaugurado na Rua Passos Manuel. A sua vertente multifuncional abre o horizonte a várias possibilidades que vão desde um espaço de cowork a uma zona permeável a eventos, lojas pop up, exposições, workshops ou conversas. 

O espaço já tinha sido um stand de automóveis, uma tipografia e, mais recentemente, uma loja de velharias – a mutabilidade já corria nestes metros quadrados. “Somos as duas meninas de nos mexermos muito e fazer coisas acontecer, e isto surgiu por acaso, num passeio ali na rua, até porque moramos ambas na zona”, conta Leonor, que é realizadora. “De repente olhámos e aquela loja tinha papéis a dizer que estava para alugar. Nem falámos, olhámos uma para a outra e acho que pensámos no mesmo”. As ideias convergiram e, mais uma vez, fizeram acontecer.  

Corrente Arroios
Corrente ArroiosLeonor e Catarina, respectivamente

“Foi num fim-de-semana de confinamento ainda em Dezembro. Eu estava a espreitar lá para dentro e a Leonor já estava a telefonar para saber condições”, remata Catarina, criativa. Leonor trabalhava noutro espaço partilhado e Catarina experimentava a vida do teletrabalho. Para nenhuma das duas estava a resultar, sobretudo porque sentiam falta de um espaço que fosse mais que um local de trabalho e que pudesse receber outros projectos e outras ideias. 

“Gostava que tivéssemos um sítio onde as pessoas que trabalhassem lá pudessem capitalizar o espaço de trabalho – muitos projectos novos não têm capital para ter um espaço próprio ou uma loja”, explica Catarina. “Então, foi nesse sentido que quisemos trabalhar, criar um espaço multifuncional onde resultasse bem o formato pop up, por exemplo”.

O últil juntou-se ao agradável e em Janeiro deste ano deitaram mãos à obra, as duas, sozinhas, para recuperar o lugar e torná-lo culturalmente habitável. “O espaço não tinha amor há muitos anos. Não precisava tanto de obras estruturais, era uma coisa mais estética, daí termos tentado olhar para aquilo de uma maneira transversal, que pudesse ser mais que um armazém”, diz Leonor. Acabaram a recorrer maioritariamente às lojas locais do bairro, quer para o material das obras, quer em muita da decoração, uma forma de envolver a comunidade e “de falar com as pessoas, perceber as suas opiniões sobre o espaço e o que ia eventualmente nascer ali no bairro delas”, diz Leonor. “Conseguimos perceber também o tipo de pessoas que moram ali, porque não conhecíamos grande parte dos nossos vizinhos, e percebemos até que há muitas famílias com crianças”, atira Catarina. 

Para financiar o espaço, há uma zona da Corrente dedicada ao cowork – os lugares estão limitados às actuais restrições de ocupação dos espaços, mas sobra ainda uma vaga para quem se quiser juntar à família. A ideia de ambas é que cada residente possa também vir a desenvolver eventos no espaço dedicado a tal, envolvendo assim todos os que fazem parte.

Corrente Arroios
Corrente Arroios

Não se querem definir apenas como um espaço artístico, porque “a Corrente é muito mais que isso”, descreve Catarina. “Pode ser uma loja, um espaço de exposição, um local para conversas e workshops, um café, qualquer coisa pode acontecer aqui”.  Não há grandes barreiras de programação nem do tipo de acontecimentos que poderão ali ter lugar.  “Quando dizemos comunidade é comunidade de todas as idades, a piada está aí – de receber toda a gente, criar sinergias inesperadas”, diz Leonor. 

O primeiro acontecimento temporário da área mutável e comum da Corrente, que tem montra para a rua, é uma exposição. "Surroundings" parte de uma ideia do estúdio de ilustração e risografia encabeçado por Marcos Martos e Bina Tangerina, o MAGO Studio, e quer “desafiar vários artistas a fazer o exercício de materializar visualmente um ‘problema incomensurável’ nunca antes vivido ou experienciado”, referem em comunicado. Com isto querem que os artistas passem para o papel os cenários e ambientes nos quais se refugiaram durante o período de pandemia. 

Este é um projecto contínuo, de residência, que terá três momentos. O primeiro decorre até 15 de Maio e conta com trabalhos de 16 artistas: Adfunto, Amanda Baeza, Bina Tangerina, Cryptmuzz, Dai Ruiz, Gonçalo Duarte, Inês Oliveira, Joana Mosi, Leonor Violeta, Malva, Mantraste, Marcos Martos, Maria Goes, Mariana Cáceres, Paola Saliby e Tiago da Bernarda aka O Gato Mariano. Os momentos seguintes decorrem de 9 de Julho a 8 de Agosto, e de 17 de Setembro a 17 de Outubro, sendo que em cada uma das edições os artistas e trabalhos mudam. A exposição terá um horário diferente, uma vez que o espaço funciona também como local de trabalho para muitos criativos residentes. Pode ser visitada às quintas e sextas, entre as 17.00 e as 20.00, e aos sábados e domingos entre as 12.00 e as 17.00.  

As fundadoras já estão a organizar a agenda dos próximos tempos, mas estão abertas a sugestões e a novos projectos que estejam interessados em poder usar o espaço da Corrente (mande um e-mail com o que lhe vai na alma). 

Rua Passos Manuel, 99A (Arroios). Instagram

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