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Os proprietários da LX Factory têm na manga um projecto imobiliário para uma área deste espaço em Alcântara, ainda no segredo dos deuses, e já estão em marcha demolições de edifícios na zona mais ao fundo do recinto. Todos os negócios que aí operavam tiveram de sair, alguns para outros espaços da Lx Factory, outros para fora dos muros da fábrica mais criativa da cidade.
Desde 2008 que a antiga Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense é uma animação. Tudo graças ao investimento do grupo Mainside, que apesar de ter vendido o espaço ao fundo de investimento francês Keys Asset Management, em 2017, permanece ligado à sua fábrica como gestor. Ou seja, a Mainside é responsável pela operação diária da Lx Factory, como explicou o grupo à Time Out. Mas ao fundo da Lx Factory estão a desaparecer edifícios, com data de construção posterior à da antiga fábrica. Como o informalmente chamado “pólo ecológico” que acolhia o restaurante Therapist e as lojas Boa Safra e Näz, tudo ligado ao mundo da sustentabilidade e da responsabilidade ecológica e social. A razão é um novo projecto que os actuais proprietários ainda não revelaram. A Time Out tentou saber a natureza desse projecto, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta.
A verdade é que há muitas mexidas dentro e fora da fábrica. A saída de alguns residentes “resulta dos trabalhos que actualmente decorrem no espaço”, explica a Mainside, que adianta que o objectivo “foi tentar encontrar alternativas dentro da Lx Factory para alguns destes espaços”. “Conseguimos concretizar este objectivo na maioria dos casos, no entanto, e por limitações de espaço e em alguns casos de tipo de negócio, não foi possível encontrar soluções para todos os projectos”, lamentam.
Foi o caso da Boa Safra, loja de design de interiores sustentável, de estética minimalista, inquilina da Lx Factory desde 2017. “Contratualmente estava previsto que as lojas daquela zona podiam ter de sair”, explica Magda Alves Pereira, directora criativa da Boa Safra, confessando que nesta altura de pandemia pensavam que poderiam ficar por ali mais uns tempos. Apesar de ter um segundo espaço – que na verdade foi o primeiro – na Embaixada, no Príncipe Real, a Boa Safra precisava de bastante mais área para poder mostrar aos clientes os seus sofás, toucadores e toda a mobília que faz parte do portefólio da loja. E encontrou-a mesmo ao lado da Embaixada. A saída da Lx Factory fez-se em Agosto em direcção a um espaço de 200 m2 localizado no edifício contíguo à Embaixada. Como não é uma loja de rua, a visita pode ser feita por marcação, para um atendimento mais personalizado, mas é possível que um funcionário da loja acompanhe os clientes ao novo showroom, sem hora marcada. Afinal, o desvio é de apenas “alguns metros” do primeiro espaço, descreve Magda. A entrada pode ser feita através do parque de estacionamento da Embaixada ou então da loja Moskkito, virada para a Praça do Príncipe Real. Para 29 de Setembro, a Boa Safra planeou um evento de apresentação do novo showroom ao público e de todos os seus artigos, que irá decorrer durante todo o dia.
Mas muitos negócios conseguiram arrendar outros espaços dentro da Lx Factory. Foi o caso do The Therapist, restaurante terapêutico que apresenta menus adaptados à necessidade de cada pessoa. Joana Teixeira, fundadora, conta que a carta de despejo chegou em Janeiro, com um prazo de seis meses para abandonarem as instalações. A solução foi encontrada em Alvalade, na Rua José d’Esaguy, que será inaugurada até ao final do mês, com um jardim “gigante”. No entanto, durante todo este processo surgiu a oportunidade de arrendar outro espaço dentro da Lx Factory, ficando a marca mais uma vez com dois restaurantes em Lisboa, o que já tinha acontecido antes do fecho da loja da Rua Rodrigo da Fonseca, em 2019. More Than Wine, Balneário, USAXE, Rozza e Muschio são outros dos negócios que encontraram uma segunda vida na Lx Factory, enquanto que saíram Dogs, Muito Muito, Print Factory, ACT, FICA – Oficina Criativa, LX Village, Madame Dussu, BOSQ e Saya no Uchi.
Inaugurada em 1849, esta fábrica da Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense era inicialmente composta pelo edifício principal, rectangular e de quatro pisos. Entre 1851 e 1855 foram construídos mais cinco edifícios junto à estrutura principal, chamados de Fábrica Pequena, e em 1900 foi construído um outro baptizado de Oficina Nova.
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