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O edifício do antigo Hotel Bragança, onde Eça de Queirós reunia com o “grupo jantante” Vencidos da Vida, foi integralmente reabilitado e transformado em 13 apartamentos de luxo.
A entrada é pela rua Vítor Cordon, mas foram as vistas sobre o Tejo, passando por cima do Corpo Santo, que deram fama ao Hotel Bragança. As festas e convívios de alta sociedade ajudaram. No seu fulgor, na segunda metade do século XIX, pernoitaram ali reis, sultões, políticos, diplomatas, literatos e artistas. Fechou em 1911. Entretanto, o espaço albergou Companhias Reunidas Gás e Electricidade e a Universidade Livre, sendo depois deixado devoluto. Agora, um século mais tarde, este edifício icónico do Chiado volta à rica vida: 18 milhões de euros de investimento transformaram o interior em 13 apartamentos de luxo.
Os imóveis foram todos vendidos entre os 700 mil euros (apartamento T1) e os 6 milhões de euros (cobertura). Distribuem-se por nove pisos, incluindo quatro subterrâneos, com uma área bruta de construção de 5144 metros quadrados. O projecto foi desenvolvido pela Coporgest – Companhia Portuguesa de Gestão e Desenvolvimento Imobiliário, que adquiriu o edifício em 2016. A construção começou em Julho desse mesmo ano e o resultado foi apresentado nesta terça-feira. O empreendimento foi baptizado como Duques de Bragança Premium Apartments, uma referência às antigas casas ducais que ali existiram.
No século XVIII, erguiam-se naquele local o Paço dos Duques de Bragança e a Casa do Tesouro da mesma família real (que ainda hoje dá o nome a uma das ruas perpendiculares à Vítor Cordon). Os edifícios foram, no entanto, destruídos pelo Terramoto de 1755. Antes de ser reconvertido no Hotel Bragança que ficou para a História (inclusive como um dos primeiros hotéis da cidade), ainda lá existiu uma hospedaria. A referência à dinastia de Bragança justificava-se com uma sala imperial, brasões de armas esculpidas em madeira e retratos da família real portuguesa espalhados pelas paredes.
Na reabilitação, nota a Coporgest, “foi possível preservar os elegantes detalhes arquitectónicos da traça original, aliando-os a interiores contemporâneos de luxo, de forma a responder ao máximo de conforto exigido pelos tempos modernos”. As fachadas do edifício foram mantidas na íntegra, “com destaque para a preservação dos vãos em forma de ogiva”. O presidente da empresa, Sérgio Ferreira, diz em comunicado que, “com esta obra, o Duques de Bragança renasce como um marco para a cidade: pela história centenária do imóvel, pela sua localização num dos bairros mais exclusivos e cosmopolitas de Lisboa e pela qualidade excepcional que foi posta na construção, muito acima da média do mercado”.
![Duques de Bragança](https://media.timeout.com/images/105439585/image.jpg)
Muito acima da média deveriam ser também as tainadas que um distinto grupo de amigos por lá organizava: os Vencidos da Vida, cujos integrantes permitem estabelecer uma ligação à Geração de 70. Entre outros notáveis o final do século XIX, pertenciam a este "grupo jantante" figuras que se mantêm relevantes ainda hoje. São os casos de Eça de Queirós, Ramalho Ortigão ou Guerra Junqueiro.