[title]
Não há uma tradição em Portugal de fazer chegar ao público objectos relacionados com filmes ou séries portuguesas. Nem um pequeno porta-chaves ou uma caneca com o título da produção. E se fosse um livro? Ou, melhor, um livro-objecto? Levar uma produção audiovisual para o papel não é coisa inédita, mas o livro que revela os bastidores de Rabo de Peixe é, para já, único. Uma edição da Contraponto com 320 páginas, ao longo das quais é possível ler entrevistas realizadas por Helena Ales Pereira aos mais diversos intervenientes e apreciar fotografias exclusivas da produção, assinadas por Inês Subtil. O projecto gráfico é da brasileira Milena Galli.
Rabo de Peixe, o livro, chegou às livrarias a 5 de Dezembro e é possível que este Natal chegue ao sapatinho de muitos fãs da série criada por Augusto Fraga – a segunda produção portuguesa a ser feita para a Netflix, depois de Glória. Série que também tem um livro, mas em jeito de romance que expande um pouco o argumento. Mas o novo livro não só nos leva aos bastidores de Rabo de Peixe como nos abre outras portas sobre a televisão no geral, adianta Helena Ales Pereira, a autora, que durante mais de duas décadas se dedicou ao jornalismo e que nos últimos anos tem abraçado outros desafios, como a direcção de comunicação da editora Penguin Random House e do LEFFEST 2022. “Não é apenas um livro sobre Rabo de Peixe, é um livro que dá um bocadinho mais de informação sobre o que é fazer uma série de televisão. O que é todo este trabalho criativo que está por trás”, explica à Time Out. Por exemplo, esclarecendo o jargão utilizado pelos profissionais do audiovisual. Ao longo das entrevistas, “sempre que alguém utiliza uma palavra que não é comum para uma pessoa que não trabalha no audiovisual, colocamos sempre uma nota”, explica, seja em termos mais simples como “set” ao “décor”, a expressões menos conhecidas pelo comum dos mortais como “espaço diegético”.
A ideia para este livro-objecto – assim se apresenta a edição – partiu do próprio Augusto Fraga ainda durante as filmagens da primeira temporada. No set (já agora, o local onde decorrem as filmagens) tinha a fotógrafa Inês Subtil a fazer o registo em imagens e, “quando o Augusto Fraga viu o resultado dessas fotografias, começou logo a imaginar que gostaria de fazer um livro sobre os bastidores desta série”, conta Helena, sublinhando o facto de não existir nada feito em Portugal que acompanhe a criação de uma série. Em Rabo de Peixe, o livro, aprendemos como se faz o guarda-roupa, a caracterização, o guião, a realização, a banda sonora ou a edição, não ficando praticamente nada de fora. Bom, isto se não contarmos que Inês Subtil tirou cerca de oito mil fotografias e “apenas” 300 e tal chegaram às muitas páginas do livro.
![Rabo de Peixe](https://media.timeout.com/images/106214653/image.jpg)
São sete os capítulos do livro Rabo de Peixe, tantos quantos os episódios da primeira temporada. E cada capítulo tem o nome de um episódio, assim como uma frase que para ele remete. “Depois em cada uma das personagens – que são muitas, os actores entrevistados foram 13 – também temos uma frase que está sempre relacionada com a personagem”, descreve Helena Ales Pereira, que para desenvolver este trabalho com afinco acabou por ver a série mais de 12 vezes. “Porque sempre que tinha uma entrevista eu voltava a ver e a encontrar coisas que não tinha visto das outras vezes. Foi um trabalho que só foi finalizado mesmo na altura em que ele vai para a editora, que foi agora em Outubro”, diz. Um “processo longo”, já que o trabalho arrancou em Janeiro de 2023.
A tradição já não é o que era?
Este tipo de artigos é uma raridade em Portugal, mas o sucesso de Rabo de Peixe também o foi. Para a autora, “existe aqui um campo por explorar e que pode criar objectos extremamente interessantes”, como acontece em Espanha, onde as editoras têm uma relação mais próxima com o audiovisual. “Foi engraçado, porque quando estávamos à procura de editoras para publicar este livro, a primeira coisa que nos diziam era sempre: não existe tradição deste tipo de livros, este livro não resulta no mercado”, lamenta, defendendo que “existe aqui um potencial que pode ser ainda muito bem explorado”.
Não será, de certo, sobre as próximas temporadas de Rabo de Peixe já confirmadas e cuja rodagem se encontra concluída, como nos garante Helena Ales Pereira. “Não falamos sobre isso até porque sobre Rabo de Peixe já ficou explicado aqui e são coisas que se reproduzem para a segunda e para a terceira temporada. Se calhar, quem sabe, até podemos vir a fazer outro projecto. Seria interessante.”
🎄Natal para todos – leia grátis a nova edição da Time Out Portugal
🏃 O último é um ovo podre: cruze a meta no Facebook, no Instagram e no Whatsapp