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Um oásis de música em pleno Chiado

Luís Filipe Rodrigues
Editor
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Ao final das tardes de sexta, em Agosto, há concertos grátis no Chiado.

As Noites de Verão da Filho Único, no Museu do Chiado, costumam ser os pontos altos do calendário de concertos em Lisboa em Agosto. Numa altura em que a maior parte das salas de espectáculos da cidade fecha para férias ou funciona a meio gás, a promotora lisboeta leva ao Jardim das Esculturas músicos que merecem ser ouvidos com atenção todas as sextas-feiras ao fim da tarde.

A promotora lisboeta organizou os primeiros concertos de entrada livre no Jardim das Esculturas do Museu do Chiado há dez anos, em Julho de 2009. Mas o formato actual, com actuações todas as semanas pelas 19.30, só começou a ser testado em 2010 e continua até hoje – dantes, porém, os concertos eram sempre à quinta-feira. “Conseguimos criar uma fidelização junto de um certo público”, reconhece Afonso Simões, um dos organizadores. “Há sempre propostas adequadas ao espaço e com um elemento de novidade. Além disso, sete e meia de sexta-feira, em Agosto, é uma boa hora. Não exige muito tempo e ainda dá para ir jantar a seguir.”

As Noites de Verão, em 2019 e como vem a acontecer nos últimos dois anos, arrancaram em Julho no Jardim dos Coruchéus, mas no Chiado adquirem uma identidade diferente. Não é por acaso. Ao longo do mês passaram pelo jardim de Alvalade Vado Más Ki Ás, Curl, HHY & The Macumbas e Lula Pena, e em muitos casos estes artistas não podiam tocar no Chiado (Lula Pena, uma adição tardia ao cartaz, é uma possível excepção). Por questões logísticas.

“Como estamos no centro da cidade e temos o hospital à frente, há limitações de ruído que influenciam a programação que podemos fazer. Ter músicos a tocar bateria no Jardim das Esculturas, por exemplo, é muito complicado”, explica Afonso. “Mas isso também é um desafio interessante para nós enquanto programadores. É bom haver uma certa compartimentação do espaço.”

O primeiro concerto no Chiado vai ser o de Raw Forest, um dos alter-egos da portuguesa Margarida Magalhães. A sua música é electrónica e telúrica, tem pontos de contacto com alguma new age, mas não se fica por aí. A produtora editou recentemente o primeiro EP, Post-Scriptum, com o selo da Labareda, e “vai fazer uma coisa mais especial para o espaço do Museu do Chiado”, segundo o programador. “É uma aposta nova da Filho Único e estou entusiasmado para a ver."

Uma semana mais tarde, a 9 de Agosto, é Maria Reis (ver entrevista na página seguinte), das Pega Monstro, quem sobe ao palco. Vai apresentar, em primeira mão, as canções do álbum de estreia a solo, Chove na Sala, Água nos Olhos, com edição prevista para Setembro ou Outubro. Afonso Simões não poupa nos elogios. Diz que “é das melhores escritoras de canções em Portugal.” E tem razão.

O compositor e multi-instrumentista australiano Oren Ambarchi vem ao Chiado a 16 de Agosto, pouco mais de um mês depois do lançamento de Simian Angel pela Editions Mego. É um álbum encantatório, composto por duas longas faixas, onde a guitarra do australiano continua a apontar para os mesmo lugares que explorou durante a maior parte da sua carreira – o minimalismo, o rock marginal, as estruturas do doom metal – apesar de se notar uma maior influência da música brasileira, em parte pelo trabalho do percussionista Cyro Baptista, que o acompanha no disco. Em Lisboa, apresenta-se sozinho, de guitarra ao colo.

Peter Evans encerra este ciclo de Noites de Verão. Actualmente a viver em Lisboa, o norte-americano é um dos grandes trompetistas do free jazz e da música de vanguarda contemporânea, além de membro dos Mostly Other People Do the Killing e colaborador pontual de figuras como John Zorn, Matana Roberts ou Peter Brötzmann, entre outros figurões. Mas no Chiado, a 23 de Agosto, vai tocar só ele. 

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