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A Dólitá não é para adultos nem (só) para dar outro ar à mesa de centro da sala. Embora vá ficar um espanto em qualquer divisão da casa, o mais provável será encontrá-la no quarto dos mais novos. Ah, pois. É para miúdos curiosos, com ganas de brincar e aprender. Sim, sabemos de fonte segura: a revelação foi-nos feita por Mariana Soares, a criadora desta nova revista ilustrada, pensada para soltar a língua e a criatividade às crianças dos três aos seis anos. Com foco no conceito da Amizade, a primeira edição conta com 24 páginas de histórias e coisas para fazer. Mas – preste atenção – os mais velhos estão a ser chamados a contribuir. Para dar corpo à ideia, está a decorrer uma campanha de financiamento colectivo até 28 de Janeiro. O objectivo é angariar 2860 euros, o valor necessário para imprimir os primeiros 300 exemplares.
Há quatro anos, Mariana Soares foi mãe. Quando o seu filho atingiu a idade pré-escolar, a designer, que já embelezou muitas páginas da Time Out, resolveu fazer experiências gráficas e criar actividades educativas para o estimular e entreter. “Deram muito jeito durante os confinamentos”, confessa. “Há muitos cadernos temáticos e até a Dois Pontos, que é uma revista para a faixa etária a seguir, mas não há nada do género para o pré-escolar. Um produto apelativo para os mais pequenos, com ferramentas de jogo simples, que respeitem a inteligência e reforcem o potencial de cada criança.”
Com Luís Leal Miranda (ex-director da Time Out) a seu lado, no papel de sócio, autor e revisor, Mariana sonhou a Dólitá. Imaginou-a de grande dimensão, um A4 bem colorido – para satisfazer os sentidos vorazes dos mini-leitores – impresso em risografia, com tinta biológica e papel certificado, proveniente de florestas com manejo sustentável. “A risografia permite sobreposições, o que torna o trabalho de cor mais interessante e o objecto mais artístico. Como a técnica é semelhante à serigrafia, mas consegue reproduzir bastantes cópias a maior velocidade, o custo também é menor. Cada edição será impressa com duas cores, que juntas criam uma terceira. Nesta primeira edição, temos o azul e o amarelo, que dá origem ao verde”, esclarece Mariana, que está a contar com a colaboração de diferentes ilustradores em cada número da Dólitá. Neste primeiro, temos desenhos da portuguesa Margarida Ferreira, mais conhecida por Amargo, do neerlandês Momo, actualmente a viver em Portugal, e da brasileira Yara Kono, que integra a equipa da editora Planeta Tangerina. Mas Mariana também escreve e desenha. São, aliás, da sua autoria as pranchas do Sr. Girassol, uma BD muda de Luís Leal Miranda. “A criança tem liberdade para imaginar o que se está a passar e contar a sua história a quem estiver a seu lado.”
Além de contos em diferentes formatos, a revista promete incluir várias actividades, jogos e desafios, como páginas para colorir, diferenças para descobrir e labirintos e adivinhas para resolver. Ouvir, falar e brincar são as três palavras de ordem. A ambição, conta-nos Mariana, é promover o gosto pela leitura, incentivar as crianças a serem engenhosas e estimular a análise e reflexão, a concentração, o espírito crítico e criativo, a auto-estima e a inteligência emocional. “Gostava mesmo de ver os miúdos a apropriar-se do objecto. É natural haver acompanhamento dos pais, sobretudo no primeiro contacto, mas a revista é deles e até tem um lugar para colocarem o seu nome.”
A data de lançamento ainda não está definida, mas a Dólitá deverá estrear-se em Fevereiro de 2022. Uma única doação de 9€ dá direito a um exemplar. “Funciona como pré-venda”, remata Mariana, que um dia gostaria de a poder distribuir gratuitamente em todos os jardins de infância públicos de Portugal.
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