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"A beleza é passageira, mas um apartamento com renda controlada e vista para o parque é para sempre", disse um dia Carrie Bradshaw, personagem central da série O Sexo e a Cidade, que conseguia, nos idos anos 90, arrendar sozinha um apartamento em Nova Iorque. Não sendo o assunto para brincadeiras, a revista The Economist inspirou-se na deixa para criar, em 2023, um ranking que media a acessibilidade de 100 cidades dos Estados Unidos no que toca ao mercado do arrendamento de apartamentos com um quarto (para solteiros ou um casal). "Os resultados foram chocantes", considerou, na altura, a publicação, que este mês publicou os resultados de um novo Carrie Bradshaw Index, desta vez centrado na realidade europeia.
Neste ranking, que analisou 35 cidades, Londres (Reino Unido) e Genebra (Suíça) mostraram-se como as cidades mais caras em termos absolutos, exigindo "os maiores rendimentos anuais para arrendatários individuais". Possível justificação? "Em ambas as cidades, menos de 1% das habitações residenciais estão desocupadas", o que gera "preços elevados", superiores a 95 mil dólares (o ranking apresenta-se na moeda norte-americana). Do outro da lista está Ancara, na Turquia, onde uma renda de 18 mil dólares é suficiente para pagar um T1.
A questão é que os rendimentos de um trabalhador na Turquia não são os mesmos de um em Londres ou na Suíça. Assim, em proporção, Budapeste (Hungria) mostrou-se como a cidade europeia menos acessível para quem quer arrendar um apartamento sozinho, logo seguida de Praga (Chéquia) e de Lisboa. "As rendas dispararam em Lisboa depois da chegada de 'nómadas digitais', trabalhadores de tecnologia atraídos pelo clima ensolarado e vistos baratos", lê-se no documento publicado a 20 de Fevereiro, que destaca o facto de o salário médio de 31 mil dólares (perto de 28,6 mil euros) anuais ser "aproximadamente metade" dos 58 mil dólares (53,4 mil euros) necessários para pagar um apartamento de um quarto. "Quase tão difícil como em Nova Iorque", compara a publicação.
Nos antípodas da lista surgem Bona (Alemanha), Berna (Suíça) e Carlsrue (também na Alemanha), as três cidades mais acessíveis para solteiros. "Em Bona, o salário médio de 53 mil dólares supera confortavelmente os 36 mil dólares necessários para arrendar, dando-lhe a pontuação Bradshaw mais alta do nosso índice", detalha a publicação.
A classificação criada pela revista The Economist incluiu 35 cidades europeias, partindo do princípio definidor de renda acessível, de que o valor da renda mensal de uma habitação não deve exceder 30% do rendimento líquido do agregado habitacional.