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Uma arca espacial: SYFY estreia série do produtor de ‘O Dia da Independência’

‘The Ark’ prova que também há espaço fora do streaming. A série transporta-nos 100 anos no futuro, a bordo de uma das muitas naves espaciais (as arcas) que seguem em direcção a outros mundos para salvar a humanidade. Estreia a 8 de Maio.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
The Ark - Season 1
©Aleksandar Letic/Ark TV Holdings, Inc./SYFYRyan Adams, Richard Fleeshman, Christie Burke e Reece Ritchie, em The Ark
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A ficção científica continua a ser um género apetecível e este mês estreia mais uma aventura no espaço sideral, na qual a tripulação de uma arca espacial luta pela sobrevivência após uma catástrofe a bordo. The Ark passa-se 100 anos no futuro, altura em que a humanidade procura novos planetas onde possa instalar colónias, longe de um moribundo planeta Terra. São lançadas várias “arcas” para o espaço tripuladas pelos melhores talentos da humanidade, mas numa delas há um evento catastrófico que põe em causa a missão. Trata-se de uma série que, apesar de não ter um elenco com nomes sonantes, tem como criador e argumentista Dean Devlin, produtor de filmes como Stargate (1994) ou ambos os Dia da Independência (1996 e 2006). The Ark estreou a 1 de Fevereiro nos EUA, no Canadá e em França, e chega a Portugal na segunda-feira, 8 de Maio.

Debaixo do foco deste enredo está uma de muitas arcas construídas em prol da sobrevivência, mas – ao contrário da arca bíblica – os únicos animais a bordo são da espécie humana. Entre eles, os mais talentosos nas mais variadas áreas, da ciência à educação, e todos viajam num sono profundo dentro de cápsulas criogénicas. Até que algo desconhecido danifica gravemente a arca, cápsulas incluídas. Em particular aquelas em que seguem os grandes cérebros desta operação. Sobrevivem dezenas de pessoas, mas nenhuma das quais responsável pelos sectores críticos deste embrião de colónia. O desastre, que é a primeira cena de The Ark – antes mesmo de arrancar o genérico –, acontece cinco anos após a partida do planeta Terra e há, desde logo, um problema grave: ainda falta um ano para chegarem ao destino traçado e não há comida e água que cheguem para tanto tempo.

Tiana Upcheva
©Aleksandar Letic/Ark TV Holdings, Inc./SYFYTiana Upcheva, em The Ark

Numa conferência virtual em que a Time Out esteve presente, Dean Devlin mostra a cena em questão e desenvolve: “A intenção é que a tripulação estivesse a dormir em cápsulas criogénicas até uns dias antes da chegada ao planeta que iriam tentar colonizar, mas a série abre com um evento que acaba por destruir todas as cápsulas e a matar metade da tripulação. Das pessoas que sobrevivem, nenhuma faz parte da liderança da nave espacial. E os sobreviventes, que deveriam ser orientados pelos líderes, ficam numa posição em que têm de ser o melhor deles próprios, numa panela de pressão, onde todas as decisões são de vida ou morte.” A “panela de pressão” é, na verdade, uma nave espacial que não foi desenhada para exploração. Trata-se de uma nave de transporte com todas as ferramentas necessárias para iniciar uma colónia, construída em módulos que se iriam separar para aterrar no novo planeta. Ou seja, não foi construída para durar, mas sim para se desintegrar. O que torna The Ark numa história de sobrevivência, um história “sobre como reagem as pessoas numa situação de crise, as suas diferentes atitudes filosóficas, sobre como liderar e sobreviver”, diz Devlin, prometendo “surpreender a audiência sobre quem são realmente estas personagens, quais as suas motivações e intenções”.

Este futuro não muito longínquo acontece sensivelmente 20 anos após a investigação na Terra andar à volta de como salvar a humanidade e como a deslocar daqui para fora. “É um futuro em que os governos não regulam as viagens ao espaço, que são propriedade exclusiva de vários milionários, o que não é muito diferente do que acontece hoje, mas é levado a outro nível. Não existe regulação sobre como são construídas as naves, não há protocolos que têm de seguir. São construídas segundo os caprichos dos milionários que controlam os seus próprios programas espaciais. Para o melhor e para o pior, como verão ao longo da série”, diz o criador de The Ark.

Envolto em algum mistério, o enredo é um dos pontos fortes desta produção, que não tem o orçamento de produções como as da saga Star Wars, por exemplo, nem um elenco que arraste multidões. Mas tem ingredientes para alimentar as audiências, em parte graças aos truques que Devlin e a restante equipa têm na manga. “Tenho um grande apetite pelo que quero meter no ecrã e tínhamos um orçamento apertado. Penso que tentei usar todos os truques que alguma vez aprendi, assim como o Jonathan Glassner [produtor, que também realiza e escreve alguns episódios], e fazer mais com menos. Foi divertido, mas também desafiante e difícil. Mas está tudo bem, porque a série não é sobre efeitos visuais, não há batalhas com laser, é mesmo sobre os personagens”, defende Devlin, para quem era mais importante criar um ambiente cativante, que servisse a história. A cena que apresentou mais desafios técnicos foi mesmo a de abertura, em que tiveram de lidar com a falta de gravidade e com o cenário a cair “em cima de toda a gente”.

Em certos momentos, The Ark lembra outras produções, que as gerações mais crescidas se lembram, como O Caminho das Estrelas, Espaço 1999 ou, ainda assim mais recente, Battlestar Galactica, algumas das fontes de inspiração assumidas por Devlin. Mas há um filme que é uma das principais referências para a génese desta série. “Uma das influências mais fortes é um filme que algumas pessoas não conhecem chamado O Cosmonauta Perdido [1972], com o Bruce Dern. Muitas pessoas acreditam que A Guerra da Estrelas foi inspirada nesse filme e muitos de nós foram”, explica Devlin, que nesta produção quis “escrever uma carta de amor à ficção científica”. “Escrevi o argumento, o canal SYFY foi o primeiro a querer envolver-se e era o que eu esperava que fosse a casa da série, porque é o casamento perfeito”, afirma. Como curiosidade, Devlin é filho da actriz filipina Pilar Seurat, que chegou a participar num episódio da série original O Caminho das Estrelas.

O elenco é essencialmente britânico e alguns dos actores mais conhecidos da série são Reece Ritchie (Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo, The Outpost), Christina Wolfe (Batwoman, The Weekend Away), Richard Fleeshman (Call The Midwife) e Miles Barrow (The Peripheral). Destaque ainda para a actriz sérvia Tiana Upcheva (The Outpost), a britano-cingalesa Shalini Peiris (The Danny & Mick Show) e a quase estreante britano-zimbabuense Stacey Read.

SYFY. Estreia a 8 de Maio (Seg). 22.15 (T1)

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