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Uma barbie fora de cena na Fábrica Musa

Escrito por
Miguel Branco
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Valsa para um Vaso: Britney, Ascensão e Queda é uma performance de Cecília Henriques, da Plataforma 285, para ser vista esta quinta-feira na Fábrica Musa, lugar pouco convencional para se ver teatro. Vá sem preconceitos.

Há uma Barbie de uma telenovela feita por Cecília Henriques, há uma projecção com gatinhos que têm medo de pepinos, há um carrinho de compras que puxa um amplificador, há muito pó de talco, há um abajour daqueles que se metem aos animais para não se coçarem. Há estes e outros ingredientes em Valsa para um Vaso: Britney, Ascensão e Queda – espectáculo criado por Cecília Henriques, que com Raimundo Cosme compõe a companhia Plataforma 285 – que esta quinta-feira será apresentado na Fábrica Musa, em Marvila.

E sim, é muito por aí, pela invulgaridade da proposta, pela vontade que isto tome lugar num lugar pouco teatral. “Surgiu da minha necessidade de repensar a comunicação e neste sentido de sair de espaços mais convencionais. Veio também na onda toda dos subsídios e da DGArtes, enquanto companhia queremos continuar a jogar, mas como fugir a isso continuando a comunicar. Quando estás tão dependente destas questões a comunicação fica em risco”, explica Cecília Henriques, ou Britney, ou Sexylia Henriques, como se preferir chamar.

A pluralidade de nomes vem também em relação ao conceito, porque percorre um ambiente nocturno, de clubbing – “aquilo é mais Kadoc do que Lux, é mais DJ Tiësto”, diz-nos Raimundo Cosme –, mas também pode ser um concerto “onde tens uma proximidade muito mais directa com o público, menos abstracta”, afirma Cecília antes de acrescentar: “Há uma liberdade que me faz muito bem, fazer o que quero fazer sem pensar no que é que dá mais pontos à DGArtes”.

No fundo são quadros que se apropriam dos mais diversos formatos da performance e de outras disciplinas da arte contemporânea e cujo fio condutor é precisamente Cecília, enquanto mulher e artista de uma geração que teima em descolar da condição de condenação que paira sobre ela. Daí que num desses momentos nos convide a visionar, consigo a comentar, alguns dos momentos do seu episódio do programa da SIC Alta Definição, coisa profundamente estranha e que garante uma carga aflitiva a este Valsa para um Vaso: Britney, Ascensão e Queda.

Há ainda o desejo de ironizar tudo, algo que atravessa toda a performance. Como uma frase tirada da sinopse do projecto onde podemos ler: “E de resto, tens ido ao CCB?”. “É um bocado ironizar com esta coisa da alta cultura, da elite. São sempre as mesmas pessoas, aqui não. Não há coisa que goste mais do que fazer espectáculos para um público que não conheço”, esclarece a actriz. Que também aproveita o espectáculo para projectar constantemente as suas parcerias com a Master Dental e com a Taxify. “Usem o código de Cecília Henriques no Taxify e tenham 10% de desconto. Está tudo à venda. E nós também”, diz. Só falta saber por quanto.

Fábrica Musa. Qui 22.30. Entrada livre.

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