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Uma carta aberta a quem corrige o nosso “bom dia” para um “boa tarde”

Escrito por
O Provedor
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É um tema que talvez deva ser referendado: a partir de que momento é que o “bom dia” passa a “boa tarde”? Sobre a introdução do “boa noite” nos cumprimentos casuais, não há dúvidas: a noite chega quando o Sol se põe. Enquanto há luz natural, aplica-se o boa tarde. Quando os candeeiros de rua se acendem, aí sim, está na altura de dizer “boa noite”. Simples.

Mas a partir de que altura o “dia” passa a “tarde”. A sabedoria popular tem uma manha, que muitos já devem ter ouvido ao entrar num táxi.

– Bom dia, queria ir até ao…
– Bom dia não, boa tarde! É boa tarde porque eu já almocei.

Mesmo que um taxista almoce às onze da manhã ou às cinco da tarde, esta é a regra capital. E não vale a pena discutir.

Esta indefinição cronolinguística é usada frequentemente por lojistas, funcionários públicos e outras desconhecidos com que lidamos diariamente para exprimir alguma passivo-agressividade. Uma pessoa pode chegar muito bem-disposta a uma repartição de finanças, aproximar-se de um funcionário, tentar sorrir e dizer bom dia. Se do lado de lá vem um “boa tarde”, sabemos que estamos metidos em sarilhos.

Há sempre quem goste de mostrar a sua superioridade horária, exibir uma relação mais íntima com os movimentos do Sol.

Numa tentativa de pacificar os lisboetas, o Provedor propõe uma regra. É “bom dia” até ao meio-dia e “boa tarde” depois dessa hora. É isso ou então temos de estar sempre atentos ao apetite de cada taxista ou funcionário das finanças com que nos cruzamos. E essa hipótese é um pouco mais complexa.

Tenha um bom dia, caro leitor, se os seus olhos repousarem nestas linhas até ao último segundo das onze horas e 59 minutos.

O Provedor do Lisboeta é um vigilante dos hábitos e manias dos alfacinhas e de todos aqueles que se comportam como nabos e repolhos nesta cidade. Se está arreliado com alguma coisa e quer ver esse assunto abordado com isenção e rigor, escreva ao provedorprovedor@timeout.com

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