Notícias

Uma carta aberta à Segunda Circular

Escrito por
O Provedor
Publicidade

Pode ser apenas uma “segunda” circular, mas é a número um na nossa lista de irritações rodoviárias.

Existem muitas vias congestionadas em Lisboa. E todas elas têm os seus encantos. A Avenida da República tem um pára-arranca suave e repetitivo, o Marquês do Pombal provoca tonturas e a Ponte 25 de Abril oferece-nos muitas oportunidades para fazer zapping no auto-rádio.

Mas a Segunda Circular é especial. Existe uma hora de ponta, é verdade, mas também existem minutos de ponta. Explicamos: há uma altura do dia em que o trânsito está particularmente condicionado, mas mesmo fora desse intervalo de tempo esta via tem a capacidade de gerar os seus engarrafamentos espontâneos. Parece magia. Num momento estamos a circular sem dificuldades numa das luxuosas faixas de rodagem, no momento seguinte estamos solidificados numa fila sem explicação, como se nos tivessem transformado num calhau. O mais interessante é verificar, ao longo da viagem, que não há nada na estrada ou na berma que explique o atraso.

A Segunda Circular entope porque o entupimento faz parte da sua natureza. É fascinante.

Não ajudam as sucessivas entradas e saídas e os chico-espertos que encontram naqueles novelos de alcatrão uma oportunidade para exibir as suas qualidades de otário. Ou as obras que surgem espontaneamente, sem explicação e sem grandes efeitos, como se um dia um conjunto de trabalhadores decidisse arejar os pinos cor de laranja de delimitação de trânsito.

Há autocarros de turistas a passear na segunda circular? Não há, mas devia. Os estrangeiros têm de conhecer este intrigante monumento ao atraso de vida.

O Provedor do Lisboeta é um vigilante dos hábitos e manias dos alfacinhas e de todos aqueles que se comportam como nabos e repolhos nesta cidade. Se está indignado com alguma coisa e quer ver esse assunto abordado com isenção e rigor, escreva ao provedor: provedor@timeout.com.

+ Uma carta aberta ao carro em cima do passeio

Últimas notícias

    Publicidade