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Há snack-bares que parecem blocos operatórios, restaurantes com mais luz do que teatros anatómicos e cafés que parecem uma sala de testes para empresas de holofotes.
É verdade que os lisboetas gostam de comer peixes que têm muitas espinhas, mas será essa a justificação para a praga das luzes brancas?
Um sítio até pode ser bonito e bem decorado. A comida pode ser fantástica, o serviço irrepreensível. Mas se por cima de tudo isto estão uns bonitos candeeiros a emitir uma luz dura e implacável, não há nada a fazer.
A luz branca tem o dom de tornar tudo mais feio, austero e contrastado. Debaixo desta luz conseguimos ver defeitos em pessoas cuja beleza nunca pensámos questionar. Resultado: a nossa auto-estima cai a pique porque, ao olhar para as olheiras das pessoas com quem estamos a jantar, nos lembramos da nossa falta de sono, dos nossos cabelos brancos e dos aparelhos de ginástica arrumados (escondidos?) na marquise.
A luz branca avisa-nos que vamos todos morrer um dia – e, entre as pessoas muito pálidas, levanta a questão de se não seremos já um cadáver.
O Provedor do Lisboeta é um vigilante dos hábitos e manias dos alfacinhas e de todos aqueles que se comportam como nabos e repolhos nesta cidade. Se está arreliado com alguma coisa e quer ver esse assunto abordado com isenção e rigor, escreva ao provedor: provedor@timeout.com