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Quem diz metro, diz autocarro, eléctrico, barco ou comboio. O homem de perna aberta não discrimina transportes públicos. Ele pode ser avistado em qualquer meio de locomoção, sempre com as suas pernas alçadas, uma para cada lado, ocupando uma área superior àquela destinada a um indivíduo normal. Isso e um ar de quem se está nas tintas para os outros.
É como se esta pessoa quisesse demonstrar, por via das suas pernas, qual a amplitude de um ângulo de 90º. E fica ali, exibindo a grande abertura dos seus membros inferiores e incomodando todos os passageiros.
Dá a ideia que o baixo ventre destes senhores é particularmente amplo, fruto de uma qualquer hipertrofia. E é essa genitália sobredimensionada que os obriga, sob risco de condenar toda a descendência transportada entre as pernas, a andar de perna aberta.
Um cavalheiro que apresente estes hábitos expansionistas pode ser chamado à atenção, mas pedir-lhe que encolha um pouco as pernas é um atentado a uma virilidade que se adivinha um pouco insegura. Cruzar as pernas então está completamente fora de questão – estes senhores temem que tal gesto lhes diminua aquela testosterona necessária para desatinar com desconhecidos no trânsito ou não saber distinguir entre roxo, violeta e púrpura.
As boas maneiras não são o mesmo que ginástica ou contorcionismo. Por isso encolha as pernas, caro senhor, ou então leve a sua masculinidade à fisioterapia.
O Provedor do Lisboeta é um vigilante dos hábitos e manias dos alfacinhas e de todos aqueles que se comportam como nabos e repolhos nesta cidade. Se está indignado com alguma coisa e quer ver esse assunto abordado com isenção e rigor, escreva ao provedor: provedor@timeout.com.
+ Uma carta aberta ao carro, com um papel a dizer “estou no 22, 2º esq”, que nos está a bloquear