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Uma carta aberta ao vizinho que não diz bom dia nem boa tarde

Escrito por
O Provedor
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De certeza que já vos aconteceu: vão a descer as escadas do prédio, cruzam-se com um vizinho, dizem “bom dia” e ele ignora-vos olimpicamente. Não é um ignorar básico, de uma pessoa distraída. É um ignorar especial: sério, empenhado, inequívoco.

É nestes momentos que algumas pessoas começam a duvidar: “Será que morri e me transformei num fantasma?”; “É possível que os meus novos cereais de pequeno-almoço contenham uma substância que me torna invisível?”.

Mas depois, com o passar das horas, reparam que todos os outros seres humanos dão pela sua presença e essas suspeitas desvanecem-se. Só nas escadas do prédio, e só perante algumas pessoas, é que a nossa existência é colocada em causa. Não sabemos se é má educação ou o fruto de algum desentendimento: pode ser que o tal vizinho lamente a música que ouvimos muito alto de manhã ou tenha o seu quarto mesmo por baixo do nosso WC e seja acordado por cada uma das nossas micções. Não sabemos.

Esse desprezo é particularmente dramático nos elevadores. Quando chegamos a um destes meios de transporte verticais e não obtemos resposta ao nosso “boa tarde”, o silêncio transforma-se numa espessa camada de desconforto gelado.

O Provedor não faz ideia se o seu vizinho é mal educado, se lhe tem um ódio de estimação ou se a sua palidez faz com que o confundam com uma parede. Mas gostava de ouvir só um rápido, desinteressado e tremendamente eficaz “bom dia” a sair daquela boca.

O Provedor do Lisboeta é um vigilante dos hábitos e manias dos alfacinhas e de todos aqueles que se comportam como nabos e repolhos nesta cidade. Se está indignado com alguma coisa e quer ver esse assunto abordado com isenção e rigor, escreva ao provedor: provedor@timeout.com

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