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Há dias em que vamos aos contentores e parece que alguém decidiu fazer ali uma instalação artística. Uma escultura onde estão equilibradas precariamente caixas de cartão, sacos de plástico cheios de lixo-mistério e um sortido de pacotes e garrafas de plástico.
Será o nosso vizinho daltónico? Ou será alguém que utiliza o lixo doméstico como forma de expressão? Vamos pela segunda opção: é um vizinho que gosta de exprimir a sua imbecilidade.
O lixo da cidade divide-se em quatro categorias simples: vidro, plástico e metal, papel e indiferenciado. Isso obriga todos os cidadãos à difícil tarefa de associar a cada um destes materiais uma cor diferente.
Um exercício que um anúncio antigo conseguiu provar que estava ao alcance de um chimpanzé. Mas o estado de muitos contentores desta cidade faria Darwin duvidar da sua teoria de A Origem das Espécies.
O Natal é uma altura crítica para estas pessoas que fazem uma interpretação livre das regras da reciclagem. Os caixotes transformam-se em arenas de batalha e o cartão empilha-se, desafiando a gravidade. No meio de tudo isto, quem sofre mais são os homens e mulheres que andam pela madrugada fora a recolher o lixo. Estes heróis deparam-se frequentemente com puzzles verticais que são, também, monumentos à falta de civismo.