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Sempre que as portas do metro se abrem há pessoas que se comportam como se fosse manhã de Natal: entram por ali adentro sem que nada as detenha, ansiosas e ofegantes, à espera de saber o que lhes calhou no sapatinho.
Aqueles que estão na carruagem e querem sair têm de esbarrar nestes seres apressados, pessoas incapazes de respeitar a mais básica das regras de etiqueta subterrânea: primeiro saem os passageiros em fim de viagem, depois entra uma nova fornada de humanos.
Imaginem se as coisas funcionassem da mesma forma numa padaria. Em primeiro lugar punha-se o pão cru no forno e só a seguir, ou ao mesmo tempo, se retirava o pão cozido. Os nossos pequenos-almoços nunca mais seriam os mesmos.
Não é preciso ser um perito em protocolo para perceber as vantagens de adoptar a regra do sai-e-entra: menos encontrões, maior fluidez de seres humanos na plataforma e paz no mundo.
Mas há sempre quem insiste em encarar a entrada da carruagem como a porta de uma loja num dia de saldos. Na hora de ponta, às vezes parece que é “black friday” para o espaço vazio no metro. Mas para haver espaço vazio é preciso que os lugares vaguem. E com uma multidão de apressados à frente não vamos a lado nenhum – e eles também não.
O Provedor do Lisboeta é um vigilante dos hábitos e manias dos alfacinhas e de todos aqueles que se comportam como nabos e repolhos nesta cidade. Se está arreliado com alguma coisa e quer ver esse assunto abordado com isenção e rigor, escreva ao provedor: provedor@timeout.com
+ Uma carta aberta às intrigantes, misteriosas e indecifráveis máquinas de bilhetes do metro