Notícias

Uma cidade alemã votou a favor de matar os seus pombos

Num referendo inédito, 53% dos eleitores de Limburgo do Lano escolheram abater a população de pombos da cidade.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
pombos
©Sanjiv Nayak/Unsplash
Publicidade

Sabia que existem mais de 300 espécies de pombos, domésticos e selvagens, no mundo? O kererū, ou pombo da Nova Zelândia, por exemplo, é considerado um tesouro cultural pelos Maori. Mas, como bem sabemos, não é assim em todo o lado. Apesar de as aves que povoam as praças europeias descenderem de pombas-das-rochas domesticadas há cerca de 10.000 anos, tendo sido amplamente utilizadas ao longo da História para transportar mensagens, agora são commumente odiadas. O exemplo mais recente vem de Limburgo do Lano, no estado de Hesse, na Alemanha Ocidental, onde 53% dos eleitores votaram a favor do abate da população de 700 pombos que vive na cidade ao longo de dois anos.

Segundo a Euronews, a Câmara Municipal de Limburgo de Lano anunciou, pela primeira vez, a intenção de reduzir a população de pombos da cidade através do abate selectivo em Novembro de 2023. Mas houve vários activistas a fazerem-se ouvir. Como Tanya Muller. A gestora do projecto de criação de pombos da cidade de Limburgo, disse à Sky News do Reino Unido que “não podemos matar animais só porque nos incomodam ou são um incómodo”.

O referendo foi realizado a 9 de Junho deste ano, no mesmo dia das eleições europeias. Numa reviravolta, pouco mais de 53% dos residentes aprovaram o extermínio dos pombos, através do método inicialmente proposto, com um total de 7530 votos “sim”.  “O resultado de hoje era imprevisível para nós. Os cidadãos fizeram uso do seu direito e decidiram que os animais devem ser abatidos por um falcoeiro”, disse o presidente da Câmara, Marius Hahn, à revista alemã Der Spiegel. A ideia é que o falcoeiro atraia as aves para uma armadilha, lhes bata na cabeça com um pau de madeira para as atordoar e depois lhes parta o pescoço.

Como é que Lisboa controla a sua população de pombos?

O controlo de pragas urbanas na cidade de Lisboa é da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa. No caso dos pombos, que só são considerados um risco quando o número de aves é superior a um quinto da população humana residente, estão previstas uma série de acções “que combinam a prevenção com a correcção de situações críticas”, nomeadamente a criação de uma rede de pombais contraceptivos, limitação de locais de nidificação, capturas calendarizadas e acções de sensibilização, incluindo intervenção para impedir alimentação indevida de pombos no espaço público.

A rede de pombais contraceptivos, recomendada também pela Plataforma Cívica Unidos Pelos Pombos para “uma gestão ética da população de pombos em meio urbano”, deverá ser alargada a todas as freguesias de Lisboa – é essa a promessa do município desde 2017, ano em que se inaugurou o primeiro pombal, no Parque Silva Porto, em Benfica. Há ainda pombais nas freguesias da Ajuda, Alcântara, Arroios, Olivais, Areeiro e Penha de França. Estes pombais promovem conforto, segurança e condições aos pombos para nidificar, mas também garante a retirada dos ovos, dois a três após a postura, antes da formação do embrião, prevenindo mais nascimentos.

Já o abate está alegadamente fora de questão, uma vez que a política de captura e abate de pombos não respeita o disposto na Directiva das Aves, como explicou Pedro Paiva, Provedor do Animal de Lisboa, em Fevereiro do ano passado, na sequência de uma série de conversas sobre “o novo caminho para [resolver] o desequilíbrio de concentração populacional do pombo feral na capital”. No entanto, o PAN anunciou, também o ano passado, que o seu gabinete teria “recebido inúmeras reclamações de munícipes referentes à captura e abate de pombos como método de controlo populacional na cidade de Lisboa”.

Siga o canal da Time Out Lisboa no Whatsapp

+ Uma carta aberta aos pombos de Lisboa

Últimas notícias

    Publicidade