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A fadista Fernanda Maria — intérprete de êxitos como “Velha Tendinha” ou “Não Passes com Ela à Minha Rua” — morreu, esta segunda-feira, 13 de Janeiro, aos 87 anos. A notícia foi divulgada pela poetisa Maria de Lourdes de Carvalho à Lusa.
A voz — descrita como “límpida e segura” pelo júri do Prémio Amália, que lhe atribuíra, em 2007, o Prémio de Carreira — que cantou temas como “Bairros de Lisboa” ou “Saudade, Vai-te Embora”, era tão impressionante que o investigador Luís de Castro a descreveu como “uma lição de fado".
Fernanda Maria Carvalheda Silva nasceu em Lisboa, a 6 de Fevereiro de 1937, e viria a tornar-se “não só uma das figuras mais marcantes do século XX, como a maior, a grande herdeira dos maiores intérpretes de repertório tradicional”, disse à Lusa o investigador de fado José Manuel Osório em 2006.
O estilo pessoal da fadista distinguia-se “pela eficácia na utilização de técnicas expressivas como o rubato, os melismas e a mudança de estilo”, aprofunda a Enciclopédia da Música Portuguesa no Século XX.
A carreira de Fernanda Maria começou a ser traçada quando, aos 12 anos, se tornou independente e começou a trabalhar como empregada de mesa na casa de fados A Parreirinha de Alfama, que pertencia à influente fadista Argentina Santos, falecida em 2019.
Foi neste espaço que Fernanda se estreou como fadista. Passou também por O Patrício, na Calçada de Carriche, mas o palco que viria a marcar a sua vida seria o do Lisboa à Noite, inaugurado pela própria, no Bairro Alto, em 1964.
Este viria a tornar-se “uma das casas de fado de referência”, descreve a Enciclopédia da Música Portuguesa, e o local onde a fadista passou a centrar a sua carreira. Por ali passaram ainda os fadistas Manuel de Almeida e António Rocha, assim como os músicos Francisco Carvalhinho e Domingos Camarinha.
A obra de Fernanda Maria está editada em dezenas de álbuns, colectâneas e colecções como O Melhor de, da discográfica EMI/Valentim de Carvalho (2009), e Estrelas da Música Portuguesa (2015), da Ovação.
“Não sei se foi a pobre existência que tive, se foi a influência de ouvir cantar fado, que gravaram na minha alma esta forma de sentir”, disse a fadista à Magazine em 1968.
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