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Os resultados da 2.ª edição do Orçamento Participativo nacional foram reveladas nesta quinta-feira. A região da capital (tal como todas as outras) foi chamada ao barulho: "Em Lisboa e Vale do Tejo, novas castas para novos vinhos", com um orçamento previsto de 200 mil euros, foi a proposta mais votada.
As castas autóctones portuguesas como a Touriga Nacional, o Arinto, a Trincadeira ou o Sercial são alguns dos grandes segredos para o sucesso dos néctares portugueses. Dentro da União Europeia é Portugal o recordista do número de castas de uva em proporção com o território (já agora, as vinhas por cá ocupam uma área total de 190 mil hectares). Quem o diz são os proponentes deste projecto – António Américo da Rocha Graça, José Manuel Meneres Manso e António Fontainhas Fernandes –, que no texto de apresentação do projecto ensinam que desde tempos ancestrais que o processo de diversificação de castas nunca parou e que podem existir dezenas de castas desconhecidas na actualidade. E querem descobrir tudo.
"Para se aceder a essas potenciais novidades, o primeiro e mais importante passo é procurar videiras estranhas em vinhas muito velhas do país inteiro, trabalho já feito, estando as plantas guardadas num pólo experimental adequado. A forma mais eficiente de esclarecer a identidade dessas plantas é analisar o seu ADN e compará-lo com o das castas já conhecidas", explicam.
E ao que parece é mesmo Lisboa que reúne as melhores condições para contribuir para esta que será uma verdadeira Arca de Noé para os vinhos portugueses, graças ao trabalho do Instituto Superior de Agronomia e de estruturas do Ministério da Agricultura, que colaboram com diversas entidades em trabalhos sobre a diversidade da videira. Também a Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira – PORVID, em Palmela, guarda uma das maiores colecções de genótipos da videira no mundo e é aí que poderá existir maior probabilidade de descobrirem castas desconhecidas, fruto de cruzamentos naturais.
O grande objectivo é posteriormente contribuir para o desempenho económico do sector vitivinícola nacional, que verá assim o seu portefólio aumentado.
O segundo projecto mais votado na região de Lisboa vai para Almada, para a proposta ABC do Teatro, que prevê a criação de uma escola de teatro infantil, gratuita para jovens entre os sete e os 16 anos.
A nível nacional houve alguma polémica com duas das três propostas vencedoras. O terceiro projecto mais votado chama-se "Tauromaquia para Todos" e defende a "criação de um programa de difusão de informação e conhecimento sobre a cultura tauromáquica de Portugal", enquanto que a segunda proposta segue a orientação inversa. Chama-se "Portugal sem touradas" e quer "desmistificar os princípios em que a actividade se auto-justifica e contribuir para a construção de um pensamento crítico face à mesma no seio da sociedade portuguesa". Mas o grande vencedor deste Orçamento Participativo foi mesmo a Feira das Lambarices, um mega evento cultural que vai promover os doces nacionais (pastéis de Belém incluídos) numa aldeia do concelho de Águeda chamada Vale Domingos.
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