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A história do Alvalade CineClube remonta a 2019: um grupo de amigos e amantes do bairro (e de Lisboa) junta-se com o intuito de aumentar a oferta de cinema independente na cidade. Começaram no Centro Cívico Edmundo Pedro, que funcionou como sede da Junta de Freguesia de Alvalade, e, no início de 2021, ocuparam a sala de cinema Fernando Lopes, no interior da Universidade Lusófona (Campo Grande). Mas também passaram pelo Cinema Ideal, por bibliotecas municipais e pela rua, onde arriscaram uma mensagem subliminar forte, ao organizarem sessões à porta de salas que construíram a memória cinéfila de Lisboa e que entretanto desapareceram, como o Salão Lisboa ou o Cinema King. No próximo dia 14 de Dezembro, quinta-feira, acontece a última sessão regular deste clube. "Vamos parar por tempo indeterminado", diz o colectivo, justificando a decisão com a “dificuldade de gestão de um projecto de base cívica e amadora que não tem meios para se profissionalizar", pode ler-se no comunicado enviado à agência Lusa.
O último filme não é escolhido ao acaso. Retratos Fantasmas, do brasileiro Kleber Mendonça Filho (realizador de Bacurau e Aquarius), é um documentário "sobre cinemas, e sobre o amor, e o que somos dentro dos cinemas, e como a nossa vida se pode cruzar com cinemas, como construímos memórias dentro das suas câmaras", como descreve o colectivo.
Sem ressentimentos, o Alvalade CineClube despede-se assim dos seus seguidores num "tempo em que todos dizemos que é importante abrandar". "Não temos falta de dinheiro", "não estamos zangadas, com o Estado ou outras entidades", e "não estamos doentes", explicam. "A excepção a isto será uma mostra final, organizada pelos miúdos do Cinedojo (projecto incrível), com quem temos estado a aprender imenso sem dar brado. Eles vão escolher e apresentar filmes, num cinema verdadeiro, para português ver, e aí vamos mostrar tudo e contar tudo", declaram na mesma nota. O evento vai acontecer em Janeiro (dias a anunciar), no Cine-Teatro Turim, em Benfica.
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